COMBATE AO CRIME?

Em Alagoas, PM invade escola, luta com alunos e os acusa de tráfico

Renan Filho cala, SSP de Alagoas aprova e secretária vê excesso

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Quase cinco anos depois de a sociedade civil reagir contra a realização de revista policial de alunos dentro de uma escola estadual de Maceió, estudantes acusados de tráfico de drogas entraram em confronto com policiais militares, na noite da última quarta-feira (24), na Escola Estadual Campos Teixeira, no Bairro do Poço. O saldo da batalha que pôs em risco a integridade física de estudantes adolescentes e adultos que saíram para estudar naquela noite chuvosa foi a prisão de oito alunos e a fratura do braço de um dos policiais do Batalhão de Policiamento Escolar, que acusou a maioria dos estudantes de serem “bandidos”.

A ação dos policiais militares, que travaram luta corporal com estudantes e usaram armas de choque, foi considerada sem excessos pelo secretário da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, o coronel da PM Lima Júnior. Mas, diante do silêncio do governador Renan Filho (PMDB) e de seu vice, Luciano Barbosa (PMDB), que também é secretário da Educação, a secretária-executiva da pasta responsável pela rede estadual de ensino, Laura Souza, usou as redes sociais para condenar a ação policial, considerada desproporcional.

A secretária disse estar emocionalmente abalada, porque antes de ser secretária, é professora. “Vou me resumir a dizer que houve excesso sim e que a abordagem policial dentro da escola foi desproporcional. Ainda que houvesse algum estudante envolvido em crimes, havia dezenas de jovens e adultos de bem! Trabalhadores que mesmo depois de um dia de trabalho, numa noite chuvosa como a de ontem, foram à escola em busca de um futuro melhor! Essas pessoas não merecem passar pelo que passaram! Merecem ser tratadas com dignidade e respeito! Registro o meu apoio à comunidade escolar e a seus familiares”, reagiu a gestora adjunta da rede estadual de ensino.

Já o coronel Lima Júnior sugeriu que a agressão ao militar poderia ser evitada, com ação mais enérgica dos policiais. “Não é normal, mas é previsível um policial ser agredido, ser morto. Isso demonstra que, muitas vezes, a polícia tem que agir com energia para evitar o que aconteceu”, defendeu o coronel secretário.

Vídeos do momento do embate circularam nas redes sociais e mostram policiais imobilizando alunos e sendo agredidos. As imagens que expõem as contradições entre os dois lados fundamentais para a pacificação e o combate à criminalidade: a polícia e a educação. O objetivo seria checar uma ocorrência de tráfico de drogas, por dois irmãos, na escola. 

Veja o registro publicado pelo portal Gazetaweb:

'MAIORIA É MARGINAL'

O G1 Alagoas entrevistou o policial ferido, identificado como cabo Rivelino, e publicou que ele declarou ter sido recebido por cerca de 40 estudantes jogando cadeiras e promovendo confusão contra os policiais. Uma estudante acusada de liderar o tráfico teria causado a batalha.

O policial agredido resumiu da seguinte forma o perfil dos alunos: “Como o controle de acesso da escola é inexistente, não se sabe quem é aluno e quem não, sendo que muitos deles se recusam a usar farda, falamos com todos. Como muitos deles não usam farda, mas sim, camisas de torcidas organizadas, não hesito em dizer que a maioria ali são bandidos, marginais”, disse o cabo Rivelino, ao G1.

Em setembro de 2012, a decisão de conselheiros tutelares, pais e diretores da Escola Estadual Geraldo Melo, em Maceió, de solicitar a policiais militares que revistassem alunos, antes do início das aulas, durante o governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB) por policiais militares. O Governo suspendeu as revistas, após reação do Ministério Público. Mas depois foram retomadas, sempre que havia suspeitas.

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