'Não tem o que fazer'

Em Alagoas, assaltantes metralham delegacia e PM, com policiais dentro

Policial narra ataque pelo WhatsApp, no interior de Alagoas

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Dois agentes da Polícia Civil e um grupo de policiais militares de Alagoas, foram cercados por assaltantes fortemente armados que cercaram e metralharam a delegacia e o grupamento da Polícia Militar de Novo Lino, durante quase 40 minutos. Pelo menos seis carros foram alvos de tiros, entre eles, quatro viaturas, por volta das 3h30 da madrugada desta segunda-feira (3). Em menos de 24 horas, dois bancos foram roubados, em Alagoas.

Um dos dois policiais civis que não tiveram como reagir enviou áudios aos colegas e à sua esposa, pelo aplicativo WhatsApp, durante o ataque que tinha como objetivo assaltar uma agencia do Banco do Brasil no município localizado a 99km de Maceió.

O policial narrou que estava acompanhado de outro agente da Polícia Civil, cercado, por trás de uma parede, no alojamento, com uma metralhadora pronta para defender sua sobrevivência, caso os bandidos invadissem o prédio.

Ouça os relatos do delegado o momento do ataque:

Vizinho a uma lotérica e à agência do Banco do Brasil, o grupamento da PM de Novo também foi alvo de rajadas de tiros, que atingiram carros e viaturas estacionadas no entorno do prédio.

Com a cidade sitiada e sem reação da polícia, bandidos teriam feito um taxista como refém e escudo humano. Um rastro de destruição e de cápsulas deflagradas foi deixado pelos criminosos. E, durante a fuga, a quadrilha ainda criou uma barricada com um carro incendiado, no trecho da BR-101 que passa pelo acesso à aldeia da tribo Wassu Cocal.

Nesta manhã, integrantes do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Estado de Alagoas (Sindepol/AL) viajaram até Novo Lino, para acompanhar as apurações e exigir mais estrutura para a Polícia Civil, nas delegacias do interior do Estado.

Armas de diversos calibres foram usadas em ataque (Foto: WhatsApp)

ATIVIDADE DE RISCO

Diretora de prerrogativa dos delegados no Sindepol, a delegada Fabiana Leão lembrou da declaração do governador Renan Filho (PMDB), feita há um ano, quando ele afirmou que “policial civil não é profissão de risco”, ao comentar a morte de um agente, José Clério Vieira, em um ônibus coletivo.

“Isso aí basta para ilustrar bem o que é atividade de risco na Polícia Civil. É preciso que o governador entenda o que é. Não adianta força tarefa estar desfilando na Ponta Verde, com esses carrões, e o interior ter qualquer tipo de carro, inclusive Gol 1000. Quando bandido chega para assaltar banco no interior não há qualquer tipo nem forma de reação. Dá para ver aí”, criticou a delegada, que transferida para uma delegacia do interior, em 2016, após solicitar diretamente ao governador que a Delegacia da Mulher funcionasse em regime de 24 horas.

O presidente do Sindepol, José Carlos André dos Santos também alertou para o alto poder de fogo dos assaltantes de banco, em contraste com a estrutura das delegacias sucateadas. “A estrutura é muito pequena, diante do poder de fogo dos criminosos. E o risco muito grande. Se estivessem dispostos a invadir seria uma tragédia. Lamento que o governador tenha priorizado a Polícia Militar, deixando nossas delegacias sucateadas. Também é uma lição para ele, que fala não haver risco na atividade policial. Porque ninguém foi lá para atirar na igreja, nem no hospital, mas para atirar na polícia”, disse o delegado.

No domingo (2), criminosos foram bem mais discretos, ao invadir outra agência do Banco do Brasil do município de Girau do Ponciano e usar um maçarico para abrir o cofre central da instituição financeira. Os valores levados pelos criminosos não foram divulgados.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas informou que a Seção de Roubos a Banco da Polícia Civil está investigando os casos.

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