Crise política

Eduardo Cunha enfrenta sua pior semana desde o início da crise

Poderoso presidente da Câmara perde o respeito dos deputados

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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), encerrou a semana enfraquecido, acusado de manobrar para impedir que o Conselho de Ética apure denúncia de contas secretas na Suíça. Ao entrar no gabinete da presidência, ele relatou que "enfrentou a pior semana" desde o início da crise, em março. 

Entre seus pares, o clima é de constrangimento. O protesto de 50 deputados de diversos partidos, incluindo o PT, o coloca contra a parede. Nem mesmo conseguiu manter o sangue frio verificado durante esses longos meses. Cunha suava, fazia cara de paisagem, mas não disfarçava a angústia. As mãos tremiam quando suas excelências rasgaram plenário afora sobre grito de "Fora, Cunha".

O deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) considera a situação do peemedebista insustentável. Segundo ele, a Câmara perde credibilidade com a permanência do peemedebista. "Quando se quer investigação, não se pode deixar dúvida no caminho", afirma.

Crítico ferrenho do presidente da Câmara, o experiente deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) não acredita em renúncia. Mas é categórico: "Ele (Cunha) não tem a menor condição de permanecer no comando da Câmara".

Nos corredores do salão de cor verde, a avaliação é que Cunha perde apoio de forma acelerada. A oposição o abandonou à própria sorte. Não está disposta a arcar com o ônus político de bancar apoio ao enrolado presidente da Câmara, visto com péssimos olhos pela sociedade brasileira.

Os aliados procuram ajudá-lo, ainda que de maneira acanhada. Foram escalados nesta fatídica quinta-feira (19) Hugo Motta (PMDB-PB) e André Moura (PSC-SE), que se revezavam na árdua tarefa de defendê-lo em plenário. 

Cunha respira, por enquanto, com apoio do governo, sob o guarda-chuva do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. Orientado pelo ex-presidente Lula, Wagner cobra apoio da bancada petista – que começa a se voltar frontalmente contra as decisões palacianas em relação ao caso do peemedebista.

Cunha iniciou a semana certo de que se seguraria até abril, encerra na dúvida. Ele fica na presidência da Câmara, até a próxima denúncia. Uma nova leva do Ministério Público representará o fim do apoio. Se depender do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o legado Eduardo Cunha terá ponto final ainda em dezembro.

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