Economist: Temer renovou os ânimos "apenas por não ser Dilma"
Revista diz que interino é mais astuto em lidar com o Congresso
A revista "The Economist" que chega neste fim de semana às bancas diz que o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), conseguiu renovar os ânimos na economia "apenas por não ser a senhora Rousseff", mas a publicação lembra que o governo interino aumentou os gastos e aliviou dívidas dos Estados. "Assessores dizem que essa generosidade vai comprar apoio político para as reformas fiscais", diz a reportagem.
A nova edição da Economist publica reportagem sobre o Brasil com o título "O único caminho é para cima". A publicação diz que a recessão continua no País, mas a economia começa a dar alguns sinais de reação. "O mercado tem melhorado desde que ele assumiu o comando. Mais pró-negócios que a presidente de esquerda e mais astuto em lidar com o Congresso, o senhor Temer promete reformas para aumentar a confiança", diz a revista.
A reportagem destaca o esforço reformista do presidente em exercício, mas aponta para uma contradição: o relaxamento das condições fiscais. "O senhor Temer quer alterar a Constituição para congelar os gastos do governo em termos reais e para reformar as pensões generosas demais. Até agora, porém, ele aumentou gastos", diz a revista, ao lembrar que o rombo fiscal previsto pelo governo interino é maior que o previsto por Dilma Rousseff e o governo Temer deu aumentos salariais aos servidores públicos e aliviou a dívida dos Estados.
"Assessores do senhor Temer dizem que essa generosidade vai agora comprar apoio político para as reformas fiscais, uma vez que a senhora Rousseff for afastada do cargo. Os mercados acreditam nisso e o custo do seguro contra calote dos títulos do governo caiu. Mas esses aplausos acabarão a não ser que o senhor Temer consiga superar esse elevado desafio que ele colocou para si e para o País", diz a revista.
Enquanto a economia espera a execução das reformas, a publicação cita alguns sinais incipientes de reação da atividade como o aumento de 18% na importação de bens de capital, aumento da produção industrial pelo quarto mês seguido, queda dos estoques e estabilização no movimento nas estradas. Apesar desses sinais, a Economist diz que "a economia ainda não está em boa forma". A reportagem nota que indicadores como o desemprego devem piorar ainda mais nos próximos meses e investidores têm demonstrado cautela como, por exemplo, no leilão frustrado da Celg. (AE)