E-mails entre ex-deputado e empresária mostram interferência na Petrobras
‘Você consegue o contato e eu ganho nosso dinheiro’, diz Krawczuk
Em relatório da Operação Abate, 44ª fase da Lava Jato, a Polícia Federal identificou troca de mensagens entre o ex-deputado Cândido Vaccarezza e a empresária Liliana dos Santos Krawczuk, ligada ao PT, nas quais, segundo os investigadores, é tratada interferência em contratos de fornecimento de Tuoleno à Petrobrás. O ex-deputado foi preso temporariamente na última sexta-feira, 19, sob suspeita de ter recebido propinas de US$ 500 mil desviados da estatal. Liliana foi conduzida coercitivamente.
O negócio da Sargeant Marine com a Petrobrás culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões. A empresa fazia fornecimento de asfalto para a estatal e foi citada na delação do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa.
Segundo as investigações, o negócio foi intermediado pelos operadores de propinas Jorge e Bruno Luz, que repassaram US$ 500 mil a Vaccarezza.
Além de encarcerado, o ex-deputado teve R$ 122 mil em maços de notas de R$ 100 e R$ 50 confiscados em sua casa.
A Polícia Federal, no âmbito da Abate, Lava Jato 44, expôs, em relatório, e-mails recebidos e enviados pelo ex-parlamentar em sua conta vaccarezza@gmail.com.
Segundo o juiz federal Sérgio Moro, ‘pelo que depreende do teor’ das mensagens encontradas na caixa do ex-deputado, ‘um grupo de pessoas formado por Peter Issar Alves, Milton Kaeriyam, Valmir Cavalcanti, Luciana Hadad e Walter Silveira pretendia constituir uma empresa de nome Quimbra – Indústria Comercial e Distribuidora de Produtos Químicos e obter junto à Petrobrás um contrato de longo prazo para fornecimento de tolueno’.
“Liliana dos Santos Krawczuk, pessoa ligada ao Partido dos Trabalhadores, intermediou contatos do grupo com Cândido Elpídio de Souza Vaccarezza para que este exercesse influência sobre agentes da Petrobrás em favor dos interesses do referido grupo”, anotou o magistrado.
Em uma mensagem remetida ao ‘querido Vaccarezza’, Liliana afirma que ‘o importante é que’ o contato do ex-deputado ‘consiga saber qual o melhor preço de venda da tonelada de tolueno para contratos de longo prazo como será o do Benzoato’.
“Veja só que belo empreendimento na Bahia. Se você conseguir o contato com a empresa, consigo as empresas para a construção das usinas, com qualidade e excelente preço. Você acha possível ou não? Pense com carinho. Você consegue o contato e eu ganho o nosso dinheiro do outro lado. (…)””, afirmou Liliana a Vaccarezza, via e-mail.
Segundo Moro, na documentação apreendida nas mensagens eletrônicas ‘constam planilhas que apontam que Liliana dos Santos Krawczuk seria recompensada financeiramente pelo empreendimento relativo ao contrato de fornecimento de Tolueno, com uma previsão de recebimento de dez por cento dos lucros da Quimbra, cerca de R$ 169.046,13 em projeções no primeiro ano de funcionamento da Quimbra e de R$ 949.787,00 no quarto ano’. (AE)