CPI da Petrobras

Doleira movimentava R$ 1 milhão por dia, diz ex-bancário

Delator disse que essa movimentação durou cerca de seis meses

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O ex-bancário Rinaldo Gonçalves de Carvalho, demitido do Banco do Brasil (BB) acusado de envolvimento em operações ilegais de câmbio, disse à CPI da Petrobras que a doleira Nelma Kodama, ligada a Alberto Youssef, chegou a movimentar R$ 1 milhão por dia na agência onde trabalhava, em São Paulo (SP).

Carvalho disse que essa movimentação durou cerca de seis meses, em 2014. Segundo ele, o dinheiro era transferido no final de cada expediente para a corretora TOV, do doleiro Raul Srour, que atuava junto com Nelma Kodama em operações de câmbio.

Kodama foi condenada a 18 anos de prisão por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O depoimento de Nelma Kodama à CPI, em maio, fez a comissão focar suas investigações na atuação de operadores de câmbio e bancos. Os deputados querem entender o funcionamento do esquema de envio de dinheiro para o exterior utilizado pelos doleiros do grupo de Alberto Youssef.

Kodama, que é ligada a Youssef, comandava um grupo responsável por abrir empresas de fachada e enviar dinheiro para o exterior por meio de operações fictícias de importação. Na última quinta-feira (13), um operador ligado a Kodama, Lucas Pacce Jr., confirmou à CPI a existência de brechas legais e de falhas na fiscalização da atividade dos doleiros.

Pacce disse que o Banco Central facilitou as irregularidades ao permitir que as corretoras atuassem como bancos no mercado de câmbio a partir de 2006. Kodama operava junto com a TOV.

"BB tinha conhecimento"
Carvalho admitiu que recebeu dinheiro de Kodama para gerenciar contas. “Foram empréstimos”, disse, ao responder pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). “Mas o senhor pagou o empréstimo?”, perguntou o deputado. “Não”, respondeu o ex-bancário.

O ex-bancário disse que não sabia que as contas que gerenciava tinham relação com operações ilegais do doleiro Alberto Youssef e atribuiu responsabilidade aos gerentes do Banco do Brasil. “Nada é feito no Banco do Brasil sem o conhecimento de pelo menos dois gerentes, que tem também a obrigação de informar o Coaf sobre operações suspeitas”, disse.

O gerente geral da agência dele, a Campos Elísios, era José Aparecido Augusto Eiras, que também será ouvido hoje pela CPI. Eiras se aposentou da instituição depois das investigações sobre as operações de Nelma Kodama.(Agência Câmara)

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