Cenário pessimista

Dólar tem 4º dia seguido de alta e fecha a R$ 3,75

Resultado ruim da produção industrial também alimenta pessimismo

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O dólar tem mais um dia de forte alta nesta quarta-feira, 2, e bateu R$ 3,75 ainda na parte da manhã. O movimento no mercado de câmbio reflete a apreensão dos investidores com o quadro fiscal do País, além da queda generalizada da produção industrial em julho. 

Às 12h28, a moeda americana subia 1,35%, a R$ 3,741, perto da máxima do dia registrada um pouco antes, de R$ 3,755. Na sessão anterior, o dólar subiu pelo terceiro dia seguido e fechou cotado a R$ 3,691, o maior valor desde 13 de dezembro de 2002. Somente em 2015, a moeda tem alta acumulada superior a 41%.

O nervosismo do mercado foi acentuado pelo anúncio do déficit do governo de R$ 30,5 bilhões para 2016. Para os investidores, a dificuldade do governo de evitar o crescimento da dívida pública deixa mais perto o risco de o Brasil ser rebaixado e perder o grau de investimento, a nota de bom pagador. Ontem, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, alertou, na Câmara dos Deputados, que se o País não colocar a casa em ordem, o dólar vai disparar. 

Levy, que não escondeu sua contrariedade com o rombo apresentado no projeto do Orçamento, começou a se reaproximar dos líderes de partidos aliados no Congresso para tentar encontrar uma solução para cobrir o déficit. O ministro queria um corte maior das despesas públicas, da ordem de R$ 15 bilhões, mas a presidente Dilma Rousseff não aceitou. 

Do lado dos indicadores econômicos, a produção industrial brasileira caiu 1,5% em julho ante junho é a maior, considerando todos os meses, desde dezembro de 2014, quando caiu 1,8% em relação a novembro do mesmo ano. No confronto de julho contra igual mês do ano passado, a indústria registrou queda de 8,9%, a 17ª retração consecutiva e a maior para o mês desde 2009, quando caiu 10,0%.

O mercado também segue apreensivo com a crise política no País. Ainda hoje, o Congresso deve analisar em plenários vetos da presidente Dilma, entre eles o reajuste dos servidores do Judiciário, que aumentaria ainda mais as despesas do governo. Dilma vetou uma proposta que concedia aumento médio de 59,5% para os servidores de 2015 a 2017. Ela apresentou uma contraproposta para a categoria, que dá um reajuste de 41,5% em quatro anos, a partir de 2016.

Bolsa. Na Bolsa brasileira, a recuperação dos metais básicos, como o cobre, dá impulso para Vale e siderúrgicas, que lideram as maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira. Segundo operadores, o desempenho é motivado pela percepção de que há espaço para obter ganhos de curto prazo com os papéis. O movimento é acentuado pelo avanço do dólar, que beneficia essas e outras empresas exportadoras.

O Ibovespa tinha alta de 0,64%, aos 465.767 pontos. Vale PNA ganhava 1,67% e a ON, 1,81%. Por outro lado, as ações da Petrobrás operavam em queda e seguravam uma alta maior do Ibovespa, diantes da queda do preço do petróleo nas bolsas internacionais. (AE)

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