Já era esperado

Dilma demite Traumann da comunicação social

Jornalista deixa o cargo citando versos de Paulinho da Viola

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A presidente Dilma Rousseff decidiu demitir o jornalista Thomas Traumann do cargo de ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Oficialmente, o governo divulga que Dilma "aceitou o pedido de demissão". 

Ele deixa o cargo após permanecer uma semana fora do trabalho, em "férias", após o vazamento do documento em que ele critica duramente o comportamento do governo. A saída de Traumann já era esperada, em razão do desgaste evidenciado desde o início do segundo governo Dilma, que passou mais de um mês se recusando a recebê-lo.

O Palácio do Planalto copiou a nota divulgada por ocasião da demissão de Cid Gomes da Educação e agradeceu a "dedicação" de Traumann enquanto ministro.

Em sua página no Twitter, há pouco, Traumann publicou versos de Paulinho da Viola:

"Todos os anos vividos
São portos perdidos que eu deixo pra trás
Quero viver diferente
Que a sorte da gente
É a gente que faz"

Ele deixa o cargo uma semana após o vazamento de um documento interno do Planalto no qual critica várias posturas do governo federal na área da Comunicação, considerada "errática" no documento e avalia que o Planalto vive um momento de "caos político". Após o episódio, o ministro saiu de férias por seis dias e retornou ao trabalho nesta terça-feira, 24.

Elaborado pela Secom, o documento, que não tem assinatura, circulou na terça-feira, 17, entre ministros, dirigentes do PT e assessores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto cita, em tom de alerta, pesquisa telefônica recente feita pelo Ibope a pedido do Planalto na qual 32% dos entrevistados disseram ter mudado de opinião negativamente sobre o governo nos últimos seis meses – ou seja, da campanha de outubro até agora. Conclui que o País passa por um "caos político" e admite: "Não será fácil virar o jogo".

O documento é dividido em três partes: "Onde estamos", "Como chegamos até aqui" e "Como virar o jogo". Na primeira o governo faz um diagnóstico do momento e admite erros de ação principalmente nas redes sociais. "A comunicação é o mordomo das crises. Em qualquer caos político, há sempre um que aponte 'a culpa é da comunicação'. Desta vez, não há dúvidas de que a comunicação foi errada e errática. Mas a crise é maior do que isso."

Apesar do mea-culpa, o governo tenta dividir o ônus da crise. "Ironicamente, hoje são os eleitores de Dilma e Lula que estão acomodados com o celular na mão enquanto a oposição bate panela. Dá para recuperar as redes, mas é preciso, antes, recuperar as ruas."

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