OPERAÇÃO CLONE

Detran de Alagoas luta contra falsários e promete 'tolerância zero'

Diretor pedirá mais prisões de falsários que agiam no órgão

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Cinco dias depois de desbaratar uma quadrilha que falsificava documentos de veículos, roubo e receptação de carros, o Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran/AL) apresentou, nesta terça-feira (4), detalhes da Operação Caça Clone. Cinco novas prisões de acusados de envolvimento no esquema devem ser solicitadas à Justiça de Alagoas pelo Ministério Público Estadual (MP/AL), através do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc).

O esquema surpreende, não apenas pelo nível técnico dos falsificadores, mas também por remeter ao período anterior à gestão do desembargador aposentado Antônio Sapucaia, quando o Detran de Alagoas começou a deixar de ser tratado como extensão da área de atuação de malfeitores ligados à Assembleia Legislativa de Alagoas, que dominavam a autarquia, apelidada de "Assembleinha".

Ao lado da delegada da Polícia Civil, Maria Angelita, o diretor-presidente do Detran de Alagoas, Cacá Gouveia, disse ter se assustado com o aprimoramento das falsificações. E garantiu tolerância zero contra crimes na autarquia, ao lembrar que, desde que assumiu o cargo em 2015, se esforça para que o Detran de Alagoas deixe de ser alvo das chacotas por causa das vulnerabilidades que o órgão tinha, em relação à atuação de criminosos no órgão.

Cacá luta contra antiga sina do Detran de Alagoas“A situação remete a um critério de aprimoramento que nos assusta. Como se consegue tirar um selo autenticado de um cartório verdadeiro, original, e fazer ele sobre um documento falso, colocando, inclusive, o carimbo. Quero dizer aos malfeitores que mudem de endereço, porque, no Detran, tantos quanto venham, a resposta é essa. A tolerância é zero, porque a gente não pode permitir que o trabalhador que paga impostos tenha seu carro clonado”, disse o presidente do Detran.

Cacá Gouveia informou que dois suspeitos, Samira Sidineia Millon, de 43 anos, e Windisllan Nascimento de Assis, de 52, foram presos e liberados após pagamento de fiança. Eles agiam com a ajuda dos chamados “zangões”, que seriam atravessadores que abordam usuários dentro do Detran, mesmo sem ser funcionários públicos. 

“Como o órgão é público, não podemos proibir a entrada de ninguém”, disse o diretor, ao admitir que estuda uma forma de controlar a circulação de pessoas no Detran.

CARTÓRIO AMBULANTE

Química e calor lavava documentos originais usados para esquemaImpressoras, diversos tipos de papel, CNHs falsas e carimbos foram apresentados durante a coletiva, como sendo parte do “cartório ambulante” que teria sido encontrado em um escritório na Jatiúca e no carro do Windisllan.

À frente das investigações iniciadas há três meses, a delegada Maria Angelita, da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, expôs que os falsificadores utilizam documentos verdadeiros e “lavam” com produtos químicos, ou uso de calor, para apagar os dados e preencher, depois, com as informações falsas.

“Eles possuíam todos esses carimbos e faziam todas as autenticações e reconhecimentos de firmas, de forma fraudulenta. A gente conseguiu atrapalhar a vida deles. Eles estão sendo monitorados. As investigações não param e outras prisões poderão ser decretadas”, disse a delegada. 

A operação foi desencadeada na última quinta-feira (29), pelo Gecoc, em parceria com a Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic) da Polícia Civil e o 5º Batalhão da Polícia Militar. O grupo também teria agido no Detran de Pernambuco.

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