Descriminalizar, não

Descriminalizar drogas é decisão do Parlamento e não do STF, diz Carimbão

Carimbão não vê legitimidade do STF para 'legislar' sobre o tema

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Quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decide sobre criminalização do porte de drogas para consumo individual, deputados divergem sobre o tema em si e até sobre a competência do STF neste julgamento. Nest a quarta-feira (19), o STF vai decidir se o porte de drogas para consumo pessoal deve ou não ser punido.

A atual Lei Antidrogas prevê prisão apenas para quem trafica ou fabrica entorpecentes, enquanto que o usuário flagrado com pequena quantidade de droga é submetido a penas alternativas, como advertência, prestação de serviços à comunidade e comparecimento a curso educativo.

O STF julgará o recurso de um mecânico paulista que tenta anular a condenação por porte de 3 gramas de maconha, em 2009. Ele teve de prestar serviços à comunidade, mas a Defensoria Pública de São Paulo contestou a pena, sob o argumento de inconstitucionalidade.

Lei já é clara
Para o deputado Givaldo Carimbão (Pros-AL), contrário à descriminalização do porte de drogas para consumo próprio, a lei atual já é suficientemente clara sobre as penas e, portanto, não há motivos para a judicialização do tema no STF.

"Quem decide não é o Supremo, não. Eleito pela sociedade para legislar é o Parlamento, que vai dizer se deve liberar ou não. Nós estamos entregando responsabilidade que é nossa ao Supremo Tribunal Federal”, criticou.

“O Congresso Nacional, por lei, decidiu que não deve [descriminalizar]. Se tiver que mudar, é no Parlamento e não no Supremo. Isso é um equívoco. Acho que se está extrapolando limites da democracia", acrescentou.

Orlando Silva defende punição só para traficantes.Choques entre leis
Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que defende punição dura apenas para o tráfico de drogas, lembra que foi o Parlamento que deu ao Supremo o poder de julgar eventuais choques entre as leis e a Constituição.

"No caso concreto, existe, na Constituição de 1988, um artigo que diz que são invioláveis a intimidade e a vida privada. Isso me faz interpretar que o consumo individual – e não o tráfico – é um direito individual. É isso que o Supremo está julgando neste momento", argumentou.

Internação involuntária
Os dois deputados também divergem sobre como o usuário de drogas deve ser tratado na legislação. Carimbão foi um dos relatores do projeto de lei (PL 7663/10) que muda a atual legislação e, inclusive, amplia as possibilidades da polêmica internaçãoinvoluntária de usuários. O texto já foi aprovado na Câmara e está em análise no Senado.

Carimbão também avalia que a maconha, mesmo em pequenas quantidades, é passo inicial para o uso de drogas mais pesadas e altera o comportamento das pessoas a ponto de torná-las violentas.

"Droga no Brasil, hoje, é questão de segurança pública e não de saúde pública. E não se trata de alguém dizer: 'vou me automutilar e não faço mal aos outros'. Mas faz sim, porque a pessoa que usa a droga muda o comportamento e vai no outro”, observou Carimbão.

“Por que dos 600 mil presos hoje, 500 mil são por causa de drogas? Porque, ao usar, ele tem um problema consigo e com o outro. E ninguém para na maconha: das pessoas que usam crack, todos passaram pela maconha", afirmou.

Redução do consumo
Por outro lado, o deputado Orlando Silva lembra o exemplo do tabaco para afirmar que é por meio de campanhas nacionais e políticas públicas que se reduz o consumo de drogas. Segundo ele, a atual legislação dá ares de criminoso a quem usa droga em pequena quantidade sem produzir vítimas.

"O policial aborda um jovem que está portando uma determinada quantidade de maconha, por exemplo, e o trata como se fosse traficante. Essa conduta policial e essa repressão representam abertura para o mundo do crime, porque, muitas vezes, aquele menino vai parar até em um presídio. A execução penal no Brasil é um escândalo e esse jovem é entregue na mão do crime organizado", ressaltou. (Com Agência Câmara)

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