Crise econômica

Desaceleração da inflação em abril não foi trégua

Coordenadora ressalta que taxa de 0,71% 'de jeito nenhum é inflação baixa'

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A desaceleração da inflação em abril não indica que a inflação está baixa, avaliou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, os aumentos expressivos já ocorridos na energia elétrica nos últimos 12 meses (59,93%) acabam interferindo nos preços de outros itens na economia.

"De jeito nenhum é uma inflação baixa", afirmou Eulina sobre a alta de 0,71% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado. Em março, a taxa havia sido de 1,32%. A coordenadora lembrou, porém, que a inflação se manteve acima de 1%, pressionada pela energia, pelos combustíveis e pelas tarifas de ônibus urbano.

"Esses itens, principalmente energia e combustíveis, disseminam aumentos", explicou Eulina. Segundo ela, produtores de tomate têm atribuído altas no produto ao aumento com o custo de energia. Só no IPCA de abril, o tomate ficou 17,90% mais caro, também por conta da seca e do aumento em taxas de água e esgoto.

"Esse é um conjunto de fatores que está aparecendo nesse índice agora", afirmou Eulina.

Apesar da desaceleração em abril, o IPCA ainda acumula taxas elevadas. A alta de 8,17% em 12 meses é a maior desde dezembro de 2003, quando ficou em 9,30%. Já a alta de 4,56% no acumulado do ano é a mais intensa para o período desde 2003 (6,15%). Na leitura mensal, por sua vez, o avanço de 0,71% é o maior para o mês desde 2011.

Remédios mais caros. O preço dos remédios foi destaque em abril, ao subir 3,27% e gerar a maior contribuição individual para o IPCA. O resultado, segundo o IBGE, adicionou 0,11 ponto porcentual à inflação.

A alta foi provocada pelos reajustes de 5%, 6,35% ou 7,70% nos medicamentos, conforme o nível de concentração no mercado, em vigor desde 31 de março. Com isso, o grupo Saúde e Cuidados Pessoais acelerou de 0,69%, em março, para 1,32%, em abril. Houve ainda, no mês passado, aumentos nos serviços médicos e dentários (0,93%), produtos óticos (0,91%) e plano de saúde (0,77%). (AE)

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