Armação contra saúde

Deputados acusados de corrupção se aliam a sindicalistas contra Saúde da Família

Trama tenta impedir programa que revoluciona o atendimento

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Uma curiosa aliança entre deputados distritais investigados por corrupção e sindicalistas tenta impedir e até sabotar um dos avanços mais significativos na história da saúde pública no Distrito Federal, que é a implantação do Saúde da Família como ação prioritária na Atenção Primária.

Como consequência da armação da pelegada com deputados sob suspeita resultou em um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) destinado a revogar as portarias da Secretaria de Saúde que instituiram a política de atenção primária baseada na Estratégia Saúde da Família.

Um dirigente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, Jorge Viana, divulgou foto nas redes sociais com parlamentar investigada pela Polícia Civil e MInistério Público do DF, e comemoroou: "Celina Leão entrou na luta".

A deputada que "entrou na luta" contra o programa que pretende revoluncionar o atendimento foi afastada da presidência da Câmara Legislativa pelo Tribunal de Justiça do DF, após flagrante de gravações em que ela trataria de propina. Atualmente é investigada por corrupção, organização criminosa etc.  

Assinam o projeto (confira abaixo), os deputados Celina Leão e Raimundo Ribeiro (PPS), que foram denunciados pelo Ministério Público do DF, no âmbito da operação Drácon, por envolvimento em esquema de corrupção ao negociar emenda de R$30 milhões na área da Saúde em troca de propina para fornecedores na expectativa de negócios.

O modelo estabelecido pelas portarias impacta nas filas dos hospitais e iniciou o processo de consultas com hora marcada, além de atendimento por meio de demanda espontânea. O objetivo é desafogar as emergências e ajudar hospitais a se dedicarem à resolução dos casos graves e de alta complexidade.

O que incomodou alguns servidores que fazem corpo mole e apresentam produtividade condizente com demissão, não fosse a estabilidade, foi a segunda portaria, que estabeleceu um monitoramento de indicadores de qualidade, com um regime de transição para treinar quase 400 médicos a atuar no novo modelo. Além deles, outros profissionais com baixa produtividade ou lotados em locais com excesso de mão-de-obra, serão deslocados para outros lugares.

No lançamento do programa há duas semanas, o secretário Humberto Lucena classificou a iniciativa como a mais importante e estruturante de sua gestão. “Deixa um legado para a cidade", disse.

Na ocasião, especialistas em saúde pública elogiaram bastante os textos das portarias, mas já esperavam a oposição de sindicalistas e previam uma enxurrada de atestados como boicote às mudanças.

O que ninguém contava era com a articulação da pelegada com os parlamentares, que até tentaram aprovar o PDL na noite desta terça, mas governistas, com ajuda do deputado Wasny de Roure (PT), conseguiram barrar a iniciativa.

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