Sem foro privilegiado

Deputado pede à PGR que inquérito contra Geraldo Alckmin siga para Moro

Tucano está sem foro privilegiado após deixar o governo

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O deputado federal Major Olímpio (PSL) protocolou na Procuradoria Geral da República (PGR) nesta terça-feira, 10, pedido para que o inquérito contra o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) passe para responsabilidade da vara do juiz Sérgio Moro. O tucano perdeu o foro privilegiado após renunciar ao cargo de governador para ser pré-candidato à Presidência nas eleições de outubro.

Com foro privilegiado de governador, Alckmin só poderia ser investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo o Major Olímpio – que é do partido de Jair Bolsonaro, também pré-candidato à presidência –, por estar relacionado à Lava Jato, deve seguir para a análise de Moro. No entanto, o caso pode ser enviado para a primeira instância em São Paulo.

O inquérito contra Alckmin foi aberto em novembro de 2017 após a delação de executivos da Odebrecht, que dizem ter repassado R$ 10,3 milhões às campanhas do tucano em 2010 e 2014 por meio de caixa dois. Os recursos teriam sido entregues ao cunhado de Alckmin, Adhemar César Ribeiro.

Na última sexta-feira, em outro desdobramento da Lava Jato, a Justiça Federal em São Paulo ordenou a prisão do ex-diretor da Dersa (estatal de desenvolvimento rodoviário) Paulo Vieira de Souza, nomeado por Alckmin em 2005. Paulo Preto, como é conhecido, é acusado de desviar R$ 7,7 milhões da estatal entre 2009 e 2011. Alckmin diz desconhecer Paulo Preto e nega ter recebido caixa dois em campanhas.

Beto Richa, Raimundo Colombo e Marconi Perillo também perderam foro privilegiado (Foto: Reprodução)Outros governadores sem foro

Além de Alckmin, outros três governadores citados ou denunciados pela Operação Lava Jato perderam o foro privilegiado: Beto Richa (PSDB-PR), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Raimundo Colombo (PSD-SC). Os três pretendem concorrer ao Senado nas eleições de outubro.

Perillo foi denunciado pela PGR em março de 2017, acusado de corrupção passiva. Segundo a denúncia, o tucano recorreu ao empresário Fernando Cavendish e ao contraventor Carlinhos Cachoeira para pagar uma dívida de R$ 90 mil com o marqueteiro Luiz Carlos Bodoni.

Em troca, segundo a denúncia, Marconi aumentou entre 2011 e 2012 os valores de contratos entre o governo goiano e a empreiteira Delta, então presidida por Cavendish. O ex-governador goiano diz que a denúncia jamais foi comprovada.

Colombo também foi denunciado pela PGR, em março deste ano. Ele é acusado de receber R$ 2 milhões da Odebrecht via caixa dois na campanha de 2014 em troca de vantagens à empreiteira. A denúncia se baseia em delações de executivos da empresa.

O ex-governador também era investigado pelo crime de corrupção, mas a acusação foi arquivada. Ele nega ter recebido caixa dois na campanha.

Já Beto Richa foi citado na delação da Odebrecht e teve um inquérito que tramitava em primeira instância suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018. A corte avaliou que, como Richa tinha foro privilegiado, o caso deveria tramitar no STJ.

Com a perda do foro, os promotores poderão retomar o caso.

Um executivo da Odebrecht disse que Richa recebeu R$ 2,5 milhões via caixa dois na campanha de 2014. O ex-governador nega.

Regras eleitorais

A legislação brasileira exige que prefeitos, governadores e presidente da República que queiram concorrer a cargos diferentes dos que ocupam renunciem até seis meses antes da eleição. Também devem deixar os postos candidatos que sejam servidores ou tenham cargos de confiança em órgãos públicos, como ministros e secretários.

O presidente, o vice-presidente, deputados federais, senadores e ministros só podem ser julgados pela última instância, o STF, e não por justiças inferiores enquanto estiverem nesses cargos.

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