Delator liga Gabrielli a empréstimo de R$ 12 milhões da Schain ao PT
Grupo teria fechado contrato bilionário como "compensação"
Um dos delatores da Operação Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa apontou envolvimento do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli no direcionamento de um contrato de US$ 1,6 bilhão para a Schahin Engenharia como “compensação” pelo “empréstimo do PT” de R$ 12 milhões, tomado de forma irregular, em 2004, no banco do grupo empresarial, pelo pecuarista José Carlos Bumlai.
“O pedido para a E&P (Diretoria de Exploração e Produção) teria partido do presidente Sérgio Gabrielli e não teria sido atendido por Guilherme Estrela (então diretor da área)”, declarou Musa, em novo depoimento no dia 9 de dezembro.
Musa era um dos executivos envolvidos no contrato e diz saber que ele foi dirigido para o Grupo Schahin como compensação por um empréstimo retirado para pagar dívida de R$ 60 milhões do PT. Ele detalhou como o contrato foi aprovado internamente e da tentativa de fazê-lo em outra diretoria da Petrobras, antes dele ser viabilizado a partir de 2006 na Diretoria Internacional, com envolvimento de dois ex-diretores da área: Nestor Cerveró e Jorge Zelada.
O contrato era para a operação do navio-sonda Vitória 10.000, que teve pagamento de propina confesso por pelo menos dois delatores, Musa e o lobista Fernando Baiano. Segundo eles, Bumlai atuou diretamente, em nome do ex-presidente Lula, para dirigir esse contrato para a Schahin como forma de pagar os R$ 12 milhões emprestados ao PT em 2004 e nunca pago formalmente.
O início “à operação para contratação dessa sonda pela área Internacional para a Schahin participar da operação foi em dezembro de 2006. O ex-gerente diz que iniciou-se um processo de aprovação interno com “procedimento célere não comum”. “Tal celeridade se deveu ao fato de que havia um ajuste prévio para essa contratação”, afirmou Musa.
Segundo Musa, em março de 2007, a Diretoria Executiva aprovou a proposta da Diretoria Internacional. Ele detalha que com a saída de Cerveró, em janeiro de 2008, assumiu Zelada. “Assumiu a diretoria mantendo a mesma velocidade do antecessor relativamente à contratação da Schahin para a Vitória 10000, tanto que em 2 de abril de 2008, pouco tempo depois de assumir já submeteu pedido à Diretoria Executiva.”
Problema.
O ex-gerente afirma que é nessa fase que começam problemas de aprovação do contrato com a Diretoria Financeira. “Almir Barbassa pediu explicação adicionais sobre os estudos financeiros e direitos da Schahin”.
“A impressão do depoente é que Almir Barbassa não se conformava com o negócio com a Schahin pois sentia que havia alguma coisa errada”, diz o relatório. Depois alterações na proposta, feitas por orientação de Zelada, o pedido teria sido aprovado no final de 2008 e o contrato assinado em janeiro de 2009. Com informações da Agência Estado.