Propina no Maracanã

Delator diz que obra no Maracanã foi decidida ‘antes da licitação’

Rogério Nora de Sá afirmou que divisão entre empreiteiras já estava fechada antes da análise

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A Justiça do Rio de Janeiro ouviu nesta segunda (4) oito testemunhas do processo de acusação ao ex-governador do estado Sérgio Cabral (PMDB), secretários e empreiteiros de desvios em obras públicas como a remodelação do Estádio do Maracanã. De acordo com um dos delatores, o percentual de divisão da obra do estádio já estava decidida antes da licitação.

A audiência contou com o depoimento de colaboradores e ex-executivos da Andrade Gutierrez como Rogério Nora de Sá, e Clóvis Renato Numa Peixoto Primo. Eles usaram o ex-governador para pedir uma “colaboração” de 5% no valor da obra.

Em depoimento, Nora disse ter conhecido Cabral durante campanha para governo do Estado em 2006, quando foram feitos os primeiros pagamentos ao político. Um encontro na casa do governador recém-eleito, outro pedido teria sido feito.

“Assim que ele entrou no governo, em 2007, ele solicitou que as empresas fizessem contribuição de R$ 350 mil mensais, a título de adiantamento até que houvesse contratos que pudessem ser ressarcidos”, afirmou Nora. Ele disse que a participação das empreiteiras na obra do Maracanã foi decidida “antes da licitação” e que se questionou porque a Andrade Gutierrez, maior que a Delta, ficou com uma participação menos do que a empresa de Fernando Cavendish, apontado como inimigo de Cabral.

“O governador disse que não poderia mudar a participação da Delta, de 30%,  que nos entendêssemos com a Odebrecht para que nossa participação ficasse dentro da participação da Odebrecht, de 70%. Ficou dito que essa obra teria o que chamei de colaboração (para o governador) e foi corrigido para propina, de 5% dos valores faturados. Ficamos com 30% dos 70% da Odebrecht, ou seja, 21% do percentual todo da obra”, finalizou.

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