Governo Temer

Decisão de retirar status de ministério do Banco Central gera atritos

Autonomia do BC está no centro do debate na formação da equipe de Temer

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A decisão do vice-presidente Michel Temer de reduzir o número de ministérios e retirar o status de ministro do Banco Central abriu uma fonte de atritos na equipe que está sendo formada para assumir o governo, caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada nesta quarta-feira do cargo pelo Congresso. A autonomia do BC está no centro do debate.

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfjan, já foi escolhido para o comando da autoridade monetária e deve assumir em junho. A confirmação oficial só será feita depois de confirmado o afastamento da petista.

A redução dos ministérios e a retirada de status de ministro para o BC foram decididas por Temer no domingo passado, durante reunião com os principais nomes escolhidos para integrar a sua equipe: Henrique Meirelles (Fazenda e Previdência), Romero Jucá (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Governo).

Meirelles concordou, mas frisou, então, ser necessário colocar em lei a autonomia do BC, como existe em outros países, e uma salvaguarda jurídica para o presidente da instituição. Na reunião, ficou acordado que Meirelles iria conversar, na segunda-feira, com representantes de bancos e agentes do mercado financeiro para prepará-los para a mudança.

Na própria segunda, enquanto Meirelles estava em São Paulo, a notícia de que o BC perderia o status de ministro começou a circular em Brasília, sem a informação, no entanto, de que o novo presidente teria foro privilegiado.

O mercado reagiu negativamente e os nomes cotados para o cargo acabaram dando a indicação de que recusariam o convite. Diante da reação, segundo fontes, Meirelles voltou a Temer e conseguiu dele o compromisso de que haverá uma Proposta de Emenda Constitucional sobre a autonomia e segurança jurídica do BC.

Os aliados políticos do vice-presidente resistem, porém, à proposta da PEC. Meirelles, que pretendia deixar o anúncio do novo BC para junho, foi obrigado a apressar os convites e a edição da PEC.

Além de Ilan, estava no páreo para a presidência do BC o nome de Mário Mesquita, ex-diretor de Política Econômica durante o período em que Meirelles presidia o BC. Mesquita é atualmente sócio do Banco Brasil Plural.

A preocupação é de que, com a ação dos aliados políticos de Temer, o novo BC assuma sob desconfiança de que não terá autonomia para decidir sobre os juros, suspeita que pode influenciar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho. (AE)

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