Guerra

Coreia do Sul treina time para decapitar ditador vizinho

Com tropa de elite treinada para matar Kim Jong-un, Seul quer ao menos assustá-lo

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A Coreia do Sul decidiu treinar tropa de elite para matar Kim Jong-un, ditador norte-coreano, que acelera seu programa de mísseis nucleares.

Um dia depois que a Coreia do Norte realizou seu sexto – e até agora mais poderoso – teste nuclear este mês, o ministro da defesa sul-coreano, Song Young-moo, disse a legisladores em Seul que uma “unidade de decapitação” das forças especiais será constituída até o fim do ano.

A unidade, do tamanho de uma brigada, vai operar oficialmente. Os militares têm reequipado helicópteros e aviões de transporte para penetrar na Coreia do Norte à noite, de forma que as forças, conhecida como os Três Mil de Esparta, possam realizar ataques aéreos.

Raramente um governo chega a anunciar uma estratégia para assassinar um chefe de Estado, mas a Coreia do Sul quer manter o Norte tenso e no limite quanto às consequências de continuar a desenvolver seu arsenal nuclear. Ao mesmo tempo, a postura cada vez mais agressiva do Sul tem como finalidade ajudar a pressionar a Coreia do Norte a aceitar a oferta do presidente Moon Jae-in de negociações. 

“A melhor forma de dissuasão que podemos ter, ao lado de ter nossas próprias armas nucleares, é fazer com que Kim Jong-un tema pela sua vida”, disse Shin Won-sik, um general de três estrelas que foi o principal estrategista operacional da Coreia do Sul antes de sua aposentadoria em 2015.

As medidas também levantam questões sobre se a Coreia do Sul e seu mais importante aliado, os Estados Unidos, estão criando as bases para matar ou incapacitar Kim e seus altos assessores antes que eles possam sequer ordenar um ataque.

“Nós agora podemos construir mísseis balísticos que podem atingir os abrigos subterrâneos onde Kim Jong-um pode estar escondido”, disse Shin. “A ideia é: como poderemos incutir o tipo de medo que um armamento nuclear provocaria – mas fazer isso sem armas nucleares. Num sistema medieval como o da Coreia do Norte, a vida de Kim Jong-un é tão valiosa quanto a de centenas de milhares de pessoas comuns cujas vidas seriam ameaçadas por um ataque nuclear”.

A Coreia do Norte mantém artilharia e rampas de foguetes perto da fronteira, e é capaz de enviar 5,2 mil a Seul nos 10 primeiros minutos de guerra, dizem planejadores militares da Coreia do Sul. O Norte também opera centenas de mísseis destinados a atingir a Coreia do Sul e bases dos Estados Unidos no Japão e além, para repelir uma intervenção americana, caso irrompa uma guerra.

A necessidade de detectar um ataque iminente tornou-se ainda mais crítica. A Coreia do Norte tornou suas bombas nucleares cada vez menores e leves – pesando menos de 500 quilos – para serem carregadas em mísseis, embora ainda não esteja claro se esses estão totalmente armados, disse na semana passada o ministro da Defesa, Song. Mas a detecção também se tornou mais complexa.

A Coreia do Norte esconde seus mísseis em muitos túneis subterrâneos. A mudança para combustível sólido facilitou o transporte de alguns dos mísseis e torna mais rápido seu lançamento. Nos últimos anos, a Coreia do Norte também testou o lançamento de misseis a partir de submarinos, que são mais difíceis de serem detectados.

E as potenciais consequências são imensas.

Um erro de cálculo pode suscitar um ataque preventivo sem garantias, que pode dar início a uma guerra nuclear regional. (The New York Times, O Estado de S.Paulo)

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