Corrupção no Futebol

Copa no Brasil previa quase R$ 90 milhões para Blatter e Valcke

Em 5 anos, Fifa fechou acordos de R$ 284 milhões para só 3 dirigente

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Joseph Blatter e seus dois principais assistentes tinham contratos para receber cada um quase R$ 90 milhões em prêmios e bônus pela realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Os dados fazem parte de contratos que estão sendo investigados pelo FBI e pela Justiça da Suíça que apontam para suspeitas relativas aos critérios estabelecidos para justificar os pagamentos aos cartolas.

No total, a Fifa pagou para Blatter, Jérôme Valcke e Markus Kattner (vice-secretário-geral) a bolada de US$ 80 milhões (R$ 284 milhões) em apenas cinco anos em salários e prêmios. Os pagamentos geraram suspeitas depois que os contratos revelaram que o dinheiro foi garantido ainda em 2010 e previa que os valores seriam distribuídos até 2019, mesmo que Blatter, Valcke e Kattner fossem demitidos por justa causa de seus cargos na Fifa. 

O que surpreende a nova Fifa, agora comandada por Infantino, é que os valores foram autorizados em acordos assinados pelos próprios beneficiários, sem qualquer consulta. Outra suspeita é de que parte dos contratos foram assinados ainda em 2010, antes mesmo da eleição de Blatter para a presidência da Fifa naquele ano. Para pessoas próximas ao caso, Blatter tinha contratos de US$ 12 milhões (R$ 42,46 milhões) por sua contribuição para realizar a Copa no Brasil em 2014. Valcke, que chegou a sugerir que o Brasil recebesse um "chute no traseiro", ganhou mais US$ 10 milhões (R$ 35,38 milhões), contra US$ 2 milhões (R$ 7,08 milhões) para Kattner.

A mais rica Copa da história foi realizada com dinheiro público. Mas gerou uma renda recorde para a Fifa de US$ 5,7 bilhões (R$ 20,17 bilhões). Sem pagar impostos nem no Brasil nem na Suíça, Blatter insistia que o dinheiro e a renda do Mundial fossem revertidos ao futebol mundial, inclusive o futebol no brasileiro. 

BUSCA NA SEDE DA FIFA

A polícia fez mais uma operação na sede da Fifa para obter informações e documentos sobre pagamentos para Joseph Blatter e Jérôme Valcke, ex-dirigentes da entidade. O Ministério Público da Suíça confirmou a operação, realizada na noite do dia 2 de junho. A busca se referia aos contratos envolvendo os dois dirigentes, ambos já afastados da entidade por suspeitas de irregularidades. Um ano depois do início do processo contra a Fifa e com mais de 41 pessoas afastadas ou indiciadas, entre elas o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, a nova operação revela que as investigações continuam e se aproximam cada vez mais da direção que comandou a entidade por décadas. 

A busca ocorreu nas salas de Markus Kattner, vice-secretário-geral da Fifa até o dia 23 de maio e demitido por Gianni Infantino, dirigente máximo da Fifa atualmente. Ele teria fechado acordos com Blatter e Valcke considerados como suspeitos. (AE)

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