Construções podem ser suspensas em áreas onde a terra tremeu, em Maceió
Suspender novos alvarás foi proposto por técnicos, na Câmara
Diante de moradores temerosos sobre o futuro de seus lares e com participação de apenas quatro dos 21 vereadores, a Câmara de Maceió reuniu especialistas e representantes de órgãos públicos em uma audiência pública que debateu, na manhã desta segunda-feira (12), o tremor de terra registrado no último dia 3 na capital alagoana. O debate que foi proposto pelo vereador Silvio Camelo (PV), atraiu entidades de classe e técnicos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Ministério Público Estadual (MPE) e produziu propostas como a de suspender novos alvarás de construção nas regiões atingidas.
Entre as deliberações tomadas, a serem encaminhadas ao Poder Público, estão a produção de laudos técnicos sobre as causas do tremor, em até 30 dias, com informações que assegurem o aluguel social para as famílias cujos imóveis terão que ser desocupados; execução, via Prefeitura de Maceió, de um Plano Diretor de Saneamento para o município.
Ainda foi decidido que a Defesa Civil Municipal visitará os condomínios Divaldo Suruagy, blocos 7A e 7B e ao Espanha, no bairro do Pinheiro, onde o tremor causou os maiores estragos, às 9h desta terça-feira (13).
Uma cópia da gravação da audiência também será enviada a todos os órgãos representados no debate. Além disso, uma nova audiência poderá ser convocada, para a retomada das discussões e o acompanhamento dos resultados obtidos.
AJUDA FEDERAL
Também era esperada para esta segunda-feira a chegada a Alagoas de uma equipe do Serviço Geológico do Brasil, que investigará o fato. O vereador Silvio Camelo informou que um diagnóstico, a partir de estudo geofísico em andamento, deverá apontar as causas do tremor.
"É preciso saber o que causou o tremor, se ele pode voltar a acontecer, se pode se estender para outros bairros. É importante compreender o que aconteceu antes de tomar qualquer medida", afirmou o parlamentar, ao dizer que “o volume muito grande de chuva no dia em que ocorreu o abalo faz com que fiquemos mais preocupados ainda, porque já já está começando o inverno”. O parlamentar destacou ainda que “a Câmara acompanhará os desdobramentos de tudo o que foi discutido aqui. Se preciso, e eu creio que sim, faremos uma nova audiência pública”, disse.
Além do vereador Silvio Camelo, participaram os vereadores Chico Filho (PP), Francisco Sales (PPL) e Ronaldo Luz (MDB).
MORADORES COM MEDO
Moradores de áreas afetadas pelo tremor puderam expor suas demandas e cobrar pessoalmente aos gestores uma resposta para as causas do abalo sísmico que em alguns bairros, além do medo, provocou danos materiais, como foi o caso do Pinheiro.
“Moramos há 35 anos no local e nunca havia acontecido isso. Há quatro anos, mais ou menos, começamos a perceber o piso todo deformando. Agora, com esse tremor, abriu uma fenda no meio do condomínio. Estamos apreensivos, não conseguimos dormir”, disse Maria da Piedade Melo, moradora do Condomínio Espanha, no Pinheiro.
Os vereadores Chico Filho e Francisco Sales propuseram a transferência dos dutos da planta da Braskem, do Pontal da Barra, para uma área no município de Marechal Deodoro. “A indústria está localizada em uma área estritamente residencial. Há o temor na sociedade com acidentes. Perdemos em receita, mas o que está em jogo são vidas. Não estou querendo unir o tremor à Salgema, mas defendo que sejam retiradas essas plantas da zona urbana, levando para Marechal ou Pilar”, defendeu Sales.
O presidente do Clube de Engenharia de Alagoas, Aloísio Ferreira de Souza, defendeu a realização de concurso público pelo município para contratação de profissionais na área de engenharia, o que, segundo ele, não é feito há mais de 20 anos. “Não há profissionais suficientes para analisar um empreendimento imobiliário, por exmplo. É importante que a Câmara faça uma intermediação, para que a prefeitura proceda urgentemente com essas contratações”, disse, ao explicar uma das dificuldades enfrentadas e que se tornam mais evidentes, quando de ocorrências como o tremor de terra. (Com informações da Dicom da Câmara de Maceió)