Comissão da Câmara vai ao Pará investigar massacre de posseiros
Dez pessoas morreram durante ação de reintegração de posse realizada pelas polícias militar e civil
Nesta sexta-feira, 26, representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados se dirigiram ao Pará para averiguar violação de direitos humanos na ação policial que matou dez trabalhadores rurais no município de Pau d’Arco.
De acordo com as informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), um total de dez posseiros foram assassinados durante a ação realizada no acampamento da Fazenda Santa Lúcia. A ação foi promovida de forma conjunta pelas polícias Militar e Civil.
Representantes dos ministérios públicos Federal e Estadual e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se reuniram com familiares das vítimas nesta quinta-feira (25) para pedir celeridade nas investigações.
Segundo a promotora de Justiça Agrária do Ministério Público do Pará, Ione Nakamura, a área do massacre é bastante conflituosa e tem investigações de crimes como homicídio e tentativa de homicídio em andamento. Além disso, o MP também analisa se ocorreu alguma modificação da cena do crime por parte de autoridades municipais, que retiraram os corpos do local antes da chegada dos peritos.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública afirmou, em nota, que “os policiais foram recebidos a tiros por um grupo fortemente armado, que já vinha sendo investigado por diversas ocorrências”. Nenhum policial saiu ferido.
Também por nota, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Pará, disse que matar sem-terras é uma das políticas sociais adotadas pelo governo do estado para solucionar conflitos agrários.
Alerto Campos, presidente da OAB-PA, afirmou que a instituição solicitará o afastamento dos policiais militares que participaram da operação.
Ministério dos Direitos Humanos
A ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, apoia a investigação do massacre e pede que os órgãos públicos de Marabá controlem a situação. A cidade fica a 426 quilômetros de distância da fazenda e concentra delegacias especializadas em assassinatos no campo, além de Polícia Federal e Ministério Público Federal.
A principal preocupação da ministra é a perícia do local, que só recebeu a visita dos peritos de Marabá e Parauapebas após a polícia municipal realizar a retirada dos corpos. “Não podemos deixar que a coisa transcorra de qualquer maneira. A perícia tem de ser feita com muito empenho e dedicação”, afirmou Luislinda.
A ministra ressaltou sua confiança no trabalho de juízes e procuradores no esclarecimento e punição dos culpados. Ela deverá se encontrar com o ministro da justiça, Osmar Serraglio, para avaliar a situação das vítimas.