Comissão apura se ministro usou dinheiro público para se promover
Empresa contratada por R$6,5 milhões operava redes de Quintella
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu processo para investigar a conduta do ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa (PR-AL), a respeito do suposto uso de empresa de comunicação contratada pela pasta para administrar suas redes sociais pessoais e promove-lo para a disputa eleitoral de 2018.
O ministro, que nega a irregularidade, ainda não foi comunicado oficialmente, embora a Comissão de Ética tenha informado seu gabinete sobre a abertura do processo. E quando Quintella for oficiado pela comissão, terá dez dias corridos para apresentar defesa. A empresa também terá o mesmo prazo para prestar esclarecimentos.
“A utilização de recursos, seja humanos ou materiais, da administração [pública] em proveito próprio constitui ato de improbidade administrativa. Trata-se de, em tese, uma conduta de gravidade e por essa razão a comissão tem que apurar. Observando e respeitando a presunção de inocência em relação a quaisquer acusações”, explicou Mauro Menezes, presidente da comissão.
O suposto acerto para a participação da empresa FSB Comunicação no controle e produção do conteúdo das redes sociais de Quintella foi denunciado em reportagem de O Globo, publicada em 23 de julho. E teria sido conduzido pelo próprio ministro, em 25 de maio.
Com cerca de uma hora e meia de duração, a reunião de Quintella com funcionários da empresa FSB Comunicação teria resultado em um acordo para a realização do serviço, com direito ao repasse das senhas das páginas pessoais do alagoano que é deputado federal licenciado.
PROJETO POLÍTICO
Quintella foi eleito em 2014, para seu quarto mandato de deputado federal. E foi líder do PR na Câmara. Recentemente, o ministro declarou ter interesse em avaliar suas chances de disputar uma das duas vagas de Alagoas no Senado Federal, em 2018, apesar de ter como prioridade sua reeleição na Câmara dos Deputados.
O desejo de alçar voos mais altos tem relação direta com o aumento de sua visibilidade obtida pelo cargo de ministro de um setor ligado à infraestrutura e obras importantes como a duplicação da BR-101 em Alagoas.
Caso entenda que houve infração ética por conta de um agente, a comissão pode aplicar desde uma advertência até recomendar a exoneração do agente. A recomendação é feita ao chefe do Executivo Federal, o presidente da República. Cabe a ele acatar ou não a recomendação da comissão.
O Diário do Poder entrou em contato com o ministro e enviou mensagem, mas ele não respondeu ao contato via aplicativo WhatsApp. (Com informações da Agência Brasil)