De sujos e mal-lavados

Com mulher foragida da Justiça, Telmário pede a cassação de Jucá

Ele pede a cassação de Jucá, que lembra sua mulher 'gafanhoto'

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Ao retornar para o Senado, um dia depois de pedir exoneração do ministério do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) será alvo, no Conselho de Ética, de processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar. O pedido, protocolado nesta terça-feira, 24, pelo senador Telmário Mota (PDT- RR), adversário do peemedebista em Roraima, e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, acusa o peemedebista de tentar obstruir a investigação da Operação Lava Jato.

Nesta segunda-feira, durante coletiva, Jucá reagiu de maneira inusitada, ao ser informado da iniciativa do senador Telmário Mota. "Ele deveria representar contra sua própria mulher, que é foragda da Justiça". De fato, a mulher do senador, deputada estadual Suzete Macedo de Oliveira, do PDT de Roraima, foi condenada por participar do escândalo de corrupção conhecido como "gafanhotos". Denunciado em 2003, o escândalo do governo Neudo Campos consistia em ratear entre parlamentares e altos funcionários da administração estadual o dinheiro correspondente aos salários de 6.000 servidores fantasmas, chamados de "gafanhotos". Condenada a 6 anos e 8 meses de prisão, ela está foragida.

A representação toma como base os trechos da conversa em que Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado falam sobre a investigação Lava Jato. A transcrição foi relevada na segunda-feira, 23, pelo jornal Folha de S. Paulo. De acordo com o documento protocolado por Telmário e Lupi, no diálogo "verifica-se que, durante toda a conversa divulgada, resta inequívoco o propósito do denunciado de utilizar o governo de Michel Temer para atrapalhar ou impedir as apurações da operação contra os agentes políticos envolvidos".

"É clara – sem sombra de dúvidas – a intenção do Senador denunciado de buscar proteção pessoal e se esquivar do alcance das investigações, mediante um grande acordo", diz o texto.

O documento faz uma analogia ao caso de Delcídio Amaral (sem partido-MT), que foi preso e acabou cassado após a divulgação de áudios em que ele foi flagrado articulando para obstruir o trabalho dos investigadores da Lava Jato. A representação contra Delcídio foi relatada por Telmário Mota. "Há um claro propósito de que o novo governo, com o vice-presidente Michel Temer, resolva os "problemas" que a "Operação Lava Jato" acarretou à classe política tradicional no Brasil.

Além disso, os áudios demonstram a opinião do senador de que seria necessário afastar a Presidente da República, Dilma Rousseff, para que a sangria da "Operação Lava Jato" seja estancada", afirma o documento. Pouco antes de entrar com a representação, Telmário afirmou que considerou, na gravação em que Jucá é pego, uma flagrante tentativa de obstrução da Justiça. "Ele fala que é preciso ter o impeachment para fazer um pacto nacional para paralisar a Operação Lava Jato. Isso é obstrução da Justiça", disse.

Já como senador, Jucá compareceu à sessão do Congresso para votar a alteração da Meta Fiscal. No plenário, Jucá disse que no diálogo gravado não há nenhuma ação que denote tentativa de barrar a Lava Jato. O peemedebista afirmou que solicitou informações ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para saber se houve algum crime no diálogo gravado. "Falei para o Michel (Temer) que me afastei enquanto a PGR não responder essa questão", disse. "Amanhã me defenderei no plenário do Senado", completou.

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