Impasse

Colômbia e Farc assinarão acordo de paz rejeitado nas urnas

A cerimônia será discreta, em comparação com a realizada em setembro

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O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assinam nesta quinta-feira um novo acordo de paz, mesmo diante da resistência do ex-presidente Álvaro Uribe ao pacto. A cerimônia será um evento discreto, em comparação com a realizada em setembro, que reuniu vários chefes de Estado na cidade colonial de Cartagena. Refletindo o ambiente sombrio no país desde que o acordo original foi rechaçado em plebiscito, o ato ocorrerá no pequeno Teatro Colón, no centro de Bogotá.

A decisão de fechar o pacto e enviá-lo à aprovação do Congresso foi tomada na terça-feira entre os negociadores de paz e os líderes das Farc, após um dia de reuniões a portas fechadas em um local afastado e com forte segurança na capital do país. O encontro se seguiu a uma reunião de sete horas iniciada na noite de segunda-feira, quando os negociadores de governo tentaram persuadir Uribe e outros céticos a apoiar a iniciativa, que busca encerrar meio século de luta com as Farc.

Após o fracasso do acordo original no voto popular, as Farc e os negociadores do governo trabalharam sem parar, introduzindo mais de 50 mudanças no documento para torná-lo mais palatável para os colombianos conservadores, que desprezam profundamente o grupo guerrilheiro.

Uribe, uma figura ainda popular e que liderou a oposição ao acordo de paz, afirmou na terça-feira que as mudanças feitas foram cosméticas e que o pacto representa um risco para a democracia na Colômbia, já que não prevê punição suficiente para rebeldes que cometeram muitas atrocidades. O ex-presidente solicitou uma reunião com os líderes das Farc para discutir suas preocupações, o que dificilmente ocorrerá. "Uribe governou mal, corrompeu e ensanguentou a Colômbia durante oito anos e nunca quis a paz, mas sim a derrota das Farc, não conseguiu", escreveu Pablo Catatumbo, comandante da guerrilha, em sua conta no Twitter.

O atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, deixou claro que não há mais espaço para negociação. Em comunicado conjunto com as Farc, os negociadores disseram na terça-feira que ainda trabalham nos procedimentos necessários para que o acordo possa ser ratificado no Congresso, onde a coalizão governista tem maioria sólida. Uribe defende a ideia de fazer outro plebiscito, convencido de que o "não" ao acordo venceria novamente.

O impasse entre governo e oposição é preocupante, porque o cessar-fogo poderia ser revertido a menos que a implementação da iniciativa ocorra logo. Na semana passada, dois supostos membros das Farc morreram em combate com as forças de segurança em um incidente confuso que agora é investigado por monitores da Organização das Nações Unidas. As Farc também mostraram descontentamento após a morte de vários ativistas que buscam reforma agrária e defensores dos direitos humanos nas últimas três semanas. Santos convocou na terça-feira uma reunião com líderes oficiais e de direitos humanos da ONU para discutir os episódios. Fonte: Associated Press. (AE)

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