'FATO NOVO'

Cientista político vê cenário favorável a Collor na corrida presidencial

Era Collor já não choca e atrai eleitor de Bolsonaro a Alckmin

acessibilidade:

O cientista político Paulo Kramer analisou as chances de a pré-candidatura do senador Fernando Collor (PTC-AL) à Presidência da República. E avaliou que o ingresso do ex-presidente alagoano na corrida presidencial representa um 'fato novo' cujo alcance  merece ainda ser cuidadosamente aquilatado.

O cientista ainda vê o contexto favorável a Collor, a partir da provável saída de Lula da corrida presidencial, não apenas por ajudar a firmá-lo como candidato da região Nordeste – duelando com o cearense Ciro Gomes (PSB). E ainda prenuncia chances de relativização da magnitude dos obstáculos de natureza ética, remanescentes dos motivos de seu impeachment, há 26 anos, justamente pelos gigantescos escândalos do “reinado lulodilmista”.

Segundo Kramer, sem precisar prometer ser reformista por causa dos dois anos que governou o Brasil, Collor pode virar o candidato do mercado e das reformas. E ainda – como o próprio ex-presidente deseja – se tornar o 'nome do Centro' que os políticos e a mídia têm tido dificuldade para identificar.

Ao expor as vantagens de Collor sobre os noviços presidenciáveis reformistas, Kramer avalia que Collor pode ser alternativa “menos arriscada” para os jovens universitários e liberais simpatizantes do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), diante da necessidade do ex-militar ainda precisar persuadir o mercado de seus compromissos reformistas. Bem como pode conquistar o eleitor do governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), pela ambiguidade do tucano em relação à agenda de reformas.

Veja o resumo da análise de Paulo Kramer:

1) Ele pode virar o candidato do mercado e das reformas, o 'nome do Centro' que os políticos e a mídia têm tido tanta dificuldade para identificar.

2) Já tem 3% de recall e ainda pode conquistar 'pré-eleitores' de Alckmin, que enfrenta problemas para crescer em razão de sua tibieza (ambiguidade em relação à agenda de reformas), e de Bolsonaro, que ainda precisa persuadir o mercado de seus compromissos reformistas.

3) Diferentemente de presidenciáveis noviços como Bolsonaro e Huck, Collor não precisa prometer a ninguém que será um presidente reformista; já provou isso nos dois anos durante os quais governou o Brasil;

4) Por falar em Bolsonaro, cujo 'teto' de intenções de voto está prestes a se revelar nas próximas pesquisas do Poder 360 e do Instituto Paraná, uma fatia dos eleitores hoje adeptos do ex-militar, composta por jovens com diploma universitário e inclinações econômicas liberais, vai ver em Collor uma nova alternativa, menos 'arriscada' até.

5) Até mesmo a magnitude dos obstáculos de natureza ética à nova candidatura presidencial do senador alagoano tende a ser relativizada em função de três pontos: (a) parcela significativa do eleitorado ainda não tinha chegado sequer à adolescência na época dos polêmicos e tumultuosos acontecimentos que culminaram no seu impeachment; (b) lembranças mais desprimorosas da presidência Collor simplesmente empalidecem, quase chegando a desaparecer em contraste com os gigantescos e recentes escândalos praticados durante o reinado lulodilmista, ou mesmo com os também recentes casos surgidos em São Paulo sob o governo Alckmin, a exemplo do rodoanel, entre outros; (c) Collor foi criminalmente absolvido por instâncias judiciais colegiadas, o que lhe permite ostentar a credencial de candidato ficha-limpa.

6) Por último, mas não em último, com a provável saída de Lula da corrida presidencial, Collor estará bem posicionado para disputar o rótulo de candidato do Nordeste com Ciro, com a vantagem de projetar um perfil mais 'presidencial' que o do iracundo ex-governador cearense.

Enfim, a pré-candidatura presidencial do senador Fernando Collor de Mello representa um 'fato novo' cujo alcance  merece ainda ser cuidadosamente aquilatado.

 

Reportar Erro