VONTADE E RAZÃO

Chefe do MP avalia candidatura que pode aniquilar Renan, em Alagoas

Alfredo Gaspar pondera sobre duelo contra reeleição de Renan

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Na véspera do fim do prazo para desincompatibilização e filiação partidária, o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, segue ponderando sobre a decisão de disputar ou não uma das duas vagas de senador, na oposição à reeleição de Renan Calheiros (MDB-AL). Até esta sexta-feira (6), o chefe do Ministério Público Estadual anunciará se vai renunciar à carreira no órgão ministerial onde combateu a criminalidade e a corrupção, em Alagoas.

Mantendo em alta a disposição para disputar o Senado, Alfredo Gaspar intensificou as conversas com lideranças políticas de oposição à reeleição do senador Renan e do governador Renan Filho (MDB), nesta semana decisiva.

Com o maior potencial de enfraquecer a candidatura do ex-presidente do Senado em Alagoas, Alfredo esteve reunido, nesta quarta-feira (4), com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), que também articula a candidatura do deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB-AL), para o Governo de Alagoas. Mas o chefe do MP ainda não decidiu se concretizará o desejo de “descer ao esgoto” da política para combater a corrupção em âmbito nacional.

“A decisão só baterei o martelo amanhã, após terminar de ouvir algumas pessoas próximas. Vontade grande, a razão manda ponderar”, disse Alfredo Gaspar, ao ser questionado pelo Diário do Poder, na manhã desta quinta-feira.

Alfredo Gaspar foi secretário de segurança pública de Alagoas, no primeiro ano e três meses do governo de Renan Filho, quando conseguiu uma redução histórica da violência em Alagoas. Mas disse publicamente não aceitar ser adjetivado como ‘cria’ e ‘traidor’ dos Calheiros, já que afirma ter trabalhado com lealdade àquela gestão e ao povo alagoano.

FATOR ROGRIGO CUNHA 

Os esforços da oposição giram em torno de unir o deputado estadual Rodrigo Cunha e Alfredo Gaspar, ainda sem partido, em uma chapa majoritária competitiva, ficha limpa e sintonizada com as exigências do eleitor cansado de escândalos e da velha política que tanto envergonham o Estado de Alagoas. A chapa tem a aceitação da maioria dos líderes partidários da base que foi surpreendida pelo aborto da gestação da pré-candidatura do prefeito de Maceió.

Outro fator que deve influenciar a decisão de Alfredo Gaspar é o nível de disposição e segurança de Rodrigo Cunha sobre sua candidatura a governador, que dará suporte a toda a coligação, que precisa ser competitiva e coerente o suficiente para justificar que a renúncia do chefe do MP não seja uma aventura sem chances de dar frutos.

Unidos, Cunha e Alfredo fariam cair por terra o clima de já ganhou pregado pelo clã Calheiros, por causa do potencial eleitoral da dupla, a ficha limpa e o simbolismo que carregam, sintonizado com a conjuntura atual de combate aos escândalos que mancharam a imagem de Alagoas e dos alagoanos nacionalmente.

Enfim, se continuar à frente do MP, Alfredo Gaspar seguirá combatendo corruptos, criminosos, pistoleiros e fechando lixões no Estado de Alagoas. Mas o procurador-geral de Justiça sabe que, se renunciar obrigatoriamente à carreira no MP para ser candidato, terá um contexto ideal para tentar ampliar o poder de alcance de suas ações para além da realidade local.

Se a decisão pode unir a vontade e a razão, é o que Alfredo Gaspar dirá, nas próximas horas.

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