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Charlie Hebdo compara menino símbolo da crise imigratória a estuprador

'É nojento, mas vamos ignorar', diz tia do menino Aylan

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A revista satírica francesa Charlie Hebdo causou mais polêmica e indignação com uma charge sobre a morte do pequeno Aylan Kurdi e a crise dos refugiados. O garoto morreu afogado em setembro passado em uma praia turca.

Ocupando metade de uma página dupla do último número da revista, a charge, assinada pelo editor Riss, mostra um homem correndo atrás de uma mulher sob o seguinte título: "Migrantes: no que teria se transformado o pequeno Aylan se tivesse crescido?".

O próprio Riss responde, com a legenda "Apalpador de bundas na Alemanha", em uma referência às agressões sexuais registradas no país na noite de Ano Novo. Segundo as denúncias, a maioria dos suspeitos seria de refugiados.

A tia de Alan Kurdi manifestou sua indignação com a charge. "É nojento, mas vamos ignorar", publicou Tima Kurdi, a tia do pequeno Alan, em sua conta no Twitter.

Em entrevista à televisão pública CBC, Tima Kurdi falou da dor da família. "Desejo que as pessoas respeitem a dor da nossa família, que não é mais a mesma desde a tragédia", desabafou. "É injusto nos fazerem mal de novo".

As redes sociais também se encheram esta semana de críticas contra essa charge, nas quais vários internautas, franceses e de outras nacionalidades, disseram não entender o sentido da ilustração e acusaram a revista satírica de racismo.

As brincadeiras da revista sobre Aylan já tinham causado em setembro do ano passado um outro escândalo, depois que parodiou a imagem do menino, de três anos.

"A prova de que a Europa é cristã. Os cristãos caminham sobre as águas e as crianças muçulmanas se afogam", dizia então o texto de uma charge também assinada por Riss, atual diretor da revista após o assassinato de seu antecessor, Stépahne Charbonnier "Charb" no ataque jihadista de um ano atrás.

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