Arte imita a vida

Candidato do PSOL compara Renan a 'Coronel Saruê'

Prefeitável vê em Renan a truculência do vilão de 'Velho Chico'

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Candidato a prefeito de Maceió pelo PSOL, o professor de História Gustavo Pessoa tem consciência de que luta contra gigantes que dominam o poder político na capital alagoana, no interior de Alagoas e no cenário nacional. Baiano de Jequié e radicado em Maceió há 20 anos, Pessoa vê a maioria de seus adversários como representantes de oligarquias comandadas por coronéis urbanos. O que o inspirou a incluir em seu discurso uma comparação entre o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e o Coronel Saruê da novela Velho Chico, gravada pela Rede Globo no Sertão de Alagoas.

O Diário do Poder procurou Gustavo Pessoa para saber quais as características que aproximam Renan do Saruê da obra de Benedito Ruy Barbosa e Edmara Barbosa. E ouviu o candidato discorrer sobre a missão que assumiu de expor as raízes coronelistas da política alagoana, em seu primeiro pleito majoritário polarizado entre o candidato à reeleição Rui Palmeira (PSDB) e o afilhado de Renan e ex-prefeito Cícero Almeida, o Ciço (PMDB).

“Para líderes como Renan que lutam pela sobrevivência política se agarrando a governos de ocasião, Alagoas é um feudo onde ele, como o coronel Saruê, recebe vassalos, vez por outra, para cerimônia de beija mão. Quando escolhi o termo, usei como metáfora do coronel urbano que, por trás de um suposto cosmopolitismo, oculta seu modus operandi truculento de quem quer transformar Alagoas numa propriedade pessoal”, explicou Gustavo Pessoa, soando como o personagem Bento dos Anjos, vereador em Velho Chico.

Para o candidato do PSOL, que lançou nas redes sociais uma campanha de arrecadação de recursos para sua campanha com o lema “Doe 50 para o 50”, a maioria dos sete candidatos a prefeito representam oligarquias comandadas por coronéis urbanos.

“Nós lutamos contra gigantes. Nossos principais adversários são aqueles que detém o poder. Rui Palmeira, na esfera municipal, e Cícero Almeida porque, na verdade, é o candidato do governo do Estado e de um grupo que quer se apoderar de Alagoas e, consequentemente, de Maceió. São os coronéis urbanos. A gente tem como foco principal o combate a essas oligarquias urbanas”, explicou o psolista.

Quer mobilizar eleitor

Além disso, Pessoa afirmou que o PSOL tem uma proposta para Maceió, que tem como eixo fundamental a mobilização. Ele vê o atual modelo de democracia representativa em crise, não só no Brasil como no mundo ocidental todo. E a prova disso é que a eleição de uma presidente, Dilma Rousseff, retirada um ano e oito meses depois.

“Vamos questionar isso, para que as pessoas percebam que são atores políticos desse processo. Me darei por vitorioso se ao final desse processo eu elevar a consciência das pessoas. Não esperem que eu seja um denuncista no processo, um sniper atirando aqui e ali. Minha campanha está focada nas redes sociais e estou pontuando 1,5%, na pesquisa do Instituto Paraná. Estou em empate técnico com o Paulão [3%], que é um deputado federal e tem um aparato que não está à minha disposição. Uma parte da população de Maceió, ainda que pequena, começou a captar esse sentimento”, acredita Gustavo Pessoa.

O candidato do PSOL citou a pesquisa do Instituto Paraná, divulgada pela TV Pajuçara em 24 de agosto e registrada no Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL) sob o número 02178/2016. Com margem de erro de 3,5%, o levantamento feito entre os dias 19 e 23 de agosto mostrou Rui com 32,9% da preferência dos eleitores consultados; Ciço com 31,8%; João Henrique Caldas, o JHC (PSB), com 11,8%, Paulão (PT) com 3% e Gustavo Pessoa (PSOL) 1,5%, na modalidade de pesquisa estimulada. Fernando do Village (PMN) e o candidato do senador Fernando Collor, Paulo Memória (PTC), não atingiram 1% das intenções de voto.

O Diário do Poder não conseguiu contato com o senador Renan nem com sua assessoria de comunicação.

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