Brasileiro passa às oitavas de simples, no tênis de mesa
Hugo venceu adversário de país com tradição na modalidade
Jogador brasileiro de tênis de mesa, Hugo Calderano passou para as oitavas do torneio de simples, igualando o melhor resultado do Brasil na modalidade e faz a festa de jovens da Rocinha, que ganharam o ingresso sem saber o que veriam.
Yan dos Santos e Thiago Porfírio “ganharam na loteria”. Até ontem de manhã, não tinham a menor ideia de que teriam a oportunidade de entrar numa arena olímpica durante os Jogos do Rio. Moradores da Rocinha, eles praticam o tênis de mesa uma ou duas vezes por semana na comunidade, num esquema informal e com trabalho voluntário do professor Guilherme Diniz da Silva. Mesa improvisada, local longe de ser apropriado, e muita vontade de aprender.
Pois o destino quis que eles tivessem, na noite deste domingo, um jornada digna de Disney. “Um amigo nosso mandou mensagem no grupo de Whatsapp dizendo que tinha três ingressos. Respondemos rapidinho e ficamos com eles”, disse Yan, 16 anos. Uma passagem de ônibus e dois trechos de BRT trouxeram os dois e o treinador Guilherme ao Pavilhão 3 do Riocentro. “Nem sabia quem ia jogar”, confessou Thiago, 18.
Ali, os três amantes do esporte tiveram a chance de ver ao vivo o brasileiro Hugo Calderano, diante de uma torcida insana para os padrões comedidos do tênis de mesa, bater o número 15 do mundo, Tang Peng, de Hong Kong, por 4 sets a 2 (8 x 11, 14 x 12, 11 x 7, 4 x 11, 12 x 10 e 11 x 7).
“Estou muito feliz de ter conseguido. O Tang Peng é forte, vem de um país com tradição no esporte. E já estou focado para o próximo jogo. Primeiro vou descansar um pouquinho, pensar no que foi bom e no que foi ruim hoje para estar muito bem amanhã”, disse Calderano.
“Cara, até esta tarde eu tinha planos de soltar pipa, mas bateu um vento muito forte e acabei, sem querer, tendo a chance de vir com os meninos. É outro padrão”, avaliou Guilherme, que já foi atleta, chegou a treinar no Fluminense (clube em que Hugo começou) e há cinco anos dá aulas para os mesatenistas da Rocinha.
O resultado levou o atleta brasileiro, atual número 54 do mundo, para as oitavas de final da chave de simples, um feito que iguala a melhor participação nacional em Jogos Olímpicos, obtida por Hugo Hoyama na edição de Atlanta (EUA), em 1996. “É um resultado importante não só para mim, mas para o tênis de mesa brasileiro como um todo. O nosso esporte vive seu melhor momento no Brasil, com três atletas de alto nível nos Jogos. Chegar tão longe já é uma grande história”, disse Calderano.