Bandarra testemunhou o que PF e MP-DF apreenderam na casa de Toledo, como ele, réu na Pandora

Durante o cumprimento dos mandados de prisão, busca e apreensão contra o agente de Polícia Civil Marcelo Toledo, na manhã desta quinta-feira, em Brasília, o ex-procurador geral do Ministério Público do DF, Leonardo Bandarra, atuou como “testemunha” de tudo o que foi recolhido na residência do acusado. O problema é que Bandarra e Toledo são réus em um mesmo processo, resultante da Operação Caixa de Pandora, após a delação de Durval Barbosa, operador do esquema de corrupção no governo do Distrito Federal.

Segundo fonte policial, Leonardo Bandarra passava “casualmente” na frente da casa de Marcelo Toledo, vestido para fazer caminhada ou corrida, quando foi solicitado, inclusive pelos promotores presentes, colegas que já foram inclusive seus subordinados, a atuar como testemunha da prisão e de tudo que seria apreendido durante a busca. Desse modo, um importante réu no processo da Caixa de Pandora teve o privilégio de checar o que foi apreendido.

Quando Bandarra foi introduzido da residência-alvo da operação, o agente Marcelo Toledo, já com voz de prisão, saudou-o de forma amistosa: “Olá, vizinho, você por aqui?” De fato, Leonardo Bandarra reside nas proximidades. Como réu em um outro processo ao lado de Toledo, Bandarra deveria ter sido descartado imediatamente como testemunha. E não se pode alegar que ele não foi reconhecido porque, para servir de testemunha, precisa ser adequadamente identificado.

A assessoria de comunicação da Polícia Federal (PF) não confirmou o envolvimento dos dois, mas disse que “em tese, se a pessoa não foi condenada, ela é inocente”. Com relação ao possível conflito de interesses, a PF informou que apenas Toledo, ou seu advogado, poderiam descartar Bandarra como testemunha. “Seis da manhã, a primeira pessoa que aparece é abordada para prestar esse serviço público”, disse a assessoria.