Censure prévia

Artistas insistem no lobby contra projeto de Lei que autoriza biografias

Roberto e Erasmo Carlos e Gilberto Gil gravaram vídeo contra a liberdade

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Em vídeo divulgado na noite de ontem, 29, no YouTube, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Gilberto Gil, artistas do grupo autointitulado “Procure Saber”, disseram novamente crer no “direito à privacidade e à intimidade”, e tentaram justificar a posição ao afirmar também que nunca quiseram exercer “qualquer censura” contra biógrafos. “Queremos, sim, garantias contra ataques, excessos, mentiras, aproveitadores”, disse Gil.

O vídeo é um abrandamento na opinião do grupo que, liderado por Paula Lavigne e integrado ainda por artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque, provocou polêmica ao se opor ao projeto de lei, atualmente no Congresso, que derruba a necessidade de autorização prévia para a publicação de biografias. No domingo, 27, em entrevista ao Fantástico, Roberto Carlos já havia se colocado a favor da lei, mas com “ajustes”, mas sem especificar quais seriam eles.

O vídeo divulgado ontem também não é claro no que diz respeito a como seria possível fazer conviver o direito à privacidade com o direito à livre expressão. “Não é uma decisão fácil, mas ela passa por um juízo íntimo e julgamos ter o direito de saber o que de privado, de particular, existe em cada um de nós”, disse Roberto Carlos, secundado por Erasmo: “Esse ponto não podemos delegar a ninguém além de nós.”

Ao mesmo tempo, porém, Erasmo se colocou de forma clara contra a censura prévia. “Se nos sentirmos ultrajados, temos o dever de buscar nossos direitos, sem censura prévia, sem a necessidade de que se autorize por escrito quem quer falar de quem quer que seja.”

Roberto Carlos disse confiar “que o sistema judicial há de encontrar uma maneira de conciliar o direito constitucional à privacidade com o direito também fundamental de informação”.

Gilberto Gil também negou que o Procure Saber defenda a proibição de livros. Para ele, “o exercício do direito à intimidade não significa exercer censura”. “Ao contrário, é um fortalecimento do direito coletivo. Só existiremos enquanto sociedade se existirmos enquanto pessoas. Quando nos sentimos invadidos, julgamos que temos o direito de nos preservar e de certa forma preservar a todos que de alguma maneira não têm, como nós, o acesso à mídia, ao judiciário, aos formadores de opinião.”

Gil falou ainda da natureza do trabalho do artista, “que passa a vida a tentar interpretar os sentimentos das pessoas”; foi seguido, no tema, por Roberto Carlos, que aproveitou para mandar recado aos biógrafos. “Passamos a vida a falar de amor e do amor, e nem por isso nos tornamos experts no assunto.”

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