Para a Câmara dos Deputados, André Vargas ainda é do PT
Nem deputado amigo do doleiro e nem PT oficializaram sua 'desfiliação'
Para a Câmara, oficialmente, o deputado André Vargas ainda é do PT. Nem o parlamentar e nem o Partido dos Trabalhadores enviaram à Secretaria-Geral da Mesa os documentos necessários para oficializar a saída do parlamentar da legenda. E como a desfiliação, feita no dia 25 de abril, ainda não foi comunicada oficialmente ao parlamento, André Vargas continua participando e votando em favor do seu partido.
Vargas foi pressionado para pedir a desfiliação do PT após denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, que operou grande esquema de lavagem de dinheiro, envolvendo, inclusive, a Petrobras. O esquema é investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. De acordo com as investigações, os dois tinham sociedade para lucrar com contratos públicos.
Na terça-feira, 11, por votação simbólica, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou o parecer do deputado Sergio Zveiter (SD-RJ) contra o recurso do deputado André Vargas (PT-PR) que tentava reverter a recomendação de cassação do seu mandato feita pelo Conselho de Ética. DEM, Psol, PSDB, PSB, PSD, PPS, PV, PRB, PMDB e Pros manifestaram voto favorável ao relatório de Zveiter. Somente o PT, com exceção do deputado Luiz Couto (PB), recomendou a aprovação do recurso. O processo de perda de mandato será analisado agora pelo Plenário da Câmara, em votação aberta.
Enquanto a votação se arrasta na Câmara, Vargas ganha tempo na tramitação de outro processo contra ele no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O PT pediu o mandato do parlamentar paranaense na justiça eleitoral após as denúncias. No entanto, isso beneficiaria o amigo do doleiro Youssef. O deputado perderia o atual mandato – que acaba em janeiro de 2015 – por infidelidade partidária, mas poderia evitar a cassação pela Câmara e seu enquadramento na Lei da Ficha Limpa, o que tornaria Vargas inelegível por oito anos.
A relatora do caso no TSE, ministra Luciana Lóssio, votou a favor da devolução do mandato ao PT. Porém, o ministro Gilmar Mendes pediu vista e interrompeu o julgamento.
Até o fechamento desta reportagem, o Diário do Poder não conseguiu contato com o gabinete do deputado André Vargas. A liderança do PT na Câmara e a assessoria de imprensa do partido não souberam informar por que os documentos ainda não foram enviados. Apesar de “não ser mais” do PT, Vargas participou da reunião do diretório petista, em Brasília, na semana passada.