Violência explode

AL em alerta após "salve" do tráfico para atacar policiais

Tráfico quer "atingir policiais" após mortes e prisão de líder

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O setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP) nega a existência de lista de policiais marcados para morrer no Estado, mas já identificou criminosos que tentam ampliar para municípios e para a capital alagoana os atos de terrorismo realizados no Rio Grande do Norte. Eles são integrantes de uma organização criminosa de São Paulo que comanda o tráfico em diversas regiões do Brasil e tentam “atingir policiais” de Alagoas, em reação à Operação Ciclone, que cumpriu 30 mandados de prisão de acusados de crimes, entre eles, Rafael Costa Sampaio, o ‘Oclay’, líder dessa quadrilha conhecida nacionalmente.

A operação policial também resultou na morte de três suspeitos, na última quinta-feira (28), totalizando nove mortos pelas forças estaduais de segurança em 10 dias. Fato contestado por familiares de algumas das vítimas, mas que o governador Renan Filho (PMDB) considerou como “necessário, desde que não haja excessos”.

No dia seguinte à operação, um áudio circulou entre usuários do aplicativo WhatsApp, no qual um major da Polícia Militar de Alagoas (PM) alerta a oficiais sobre a interceptação de um pedido de autorização para “atingir policiais”, feito por criminosos alagoanos aos chefes da quadrilha, em São Paulo.

Este texto não cita o nome da quadrilha, para não colaborar com a propaganda que alimenta a organização criminosa.

“Atenção todos os oficiais, estou saindo agora da SSP. Está confirmado, existe um salve do [editado] daqui, pedindo permissão para São Paulo, para atingir policiais, devido à operação de ontem, que deu um abalo no [editado]. Com isso, é aquela coisa de sempre. Nossa vida já é uma vida de risco, que a gente precisa estar atento. Porém, todas as tropas vão ser avisadas para ficar antenada quanto a questão de locais onde vão parar para comer. Então, o áudio é bem claro: matar policial. Não tem matar policial do BPS ou matar policial fulano de tal. Não tem isso. É dar um alerta à tropa para o cara ficar ainda mais atento. Porque, o cara pede o salve e o cara dá o salve, ele vai escolher o mais fácil, que é o policial que vai estar de bobeira ou dando bobeira”,

Segundo o oficial, o comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Marcos Sampaio, proibiu educação física ao ar livre, sem acompanhamento de viaturas e homens armados. “Se for para correr, tem que ser com viatura, fuzil e etc”, disse o militar, além de ter afirmado que o Comando está tomando providências para reforçar segurança do Quartel de PM, inclusive com videomonitoramento.

“A mensagem é bem clara: ‘Já morreram sete irmãos e a gente não fez nada. Precisamos fazer alguma coisa’. O pedido para agir é esse, devido às recentes mortes de bandidos”, conclui o oficial.

“Firmeza”

Na tarde de domingo (31), a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP) divulgou nota de esclarecimento em que esclarece não haver ameaçados de morte pela organização criminosa. E o governador Renan Filho reforçou a negativa, ao participar de aula inaugural do Curso de Formação de Praças da PM, na manhã desta segunda-feira (1º).

“Quando se apreende uma grande quantidade de droga, isso significa um grande prejuízo para esse grupo de criminosos, por isso eles ameaçam e tentam fazer com que a violência impere. Eles gostam do clima de insegurança, mas temos tido firmeza mesmo nesse momento de dificuldade”, disse Renan Filho. 

Reduzindo

Em 2015, os números de mortes violentas decorrentes de crimes caíram 18%, após o endurecimento do enfrentamento a suspeitos pela polícia. Mas representantes de múltiplos segmentos sociais e de diversas cidades alagoanas presentes na IV Conferência Estadual de Direitos Humanos, em março, condenaram o perigoso crescimento de 364,29% das mortes causadas pela letalidade policial, entre 2013 e 2015, classificadas oficialmente como “resistência com o resultado morte”.

Tal modalidade de Crime Violento Letal e Intencional (CVLI) saltou de 28, em 2013; para 102, em 2015. Este ano, um período de achatamento da violência

“A polícia tem que poder trabalhar e o bandido tem que saber que há polícia Se vivermos num mundo em que o bandido acha que a polícia não pode trabalhar tenha certeza que piora. Excesso não conta comigo; existe Corregedoria, imprensa livre e democracia”, disse Renan Filho, quando questionado pela imprensa sobre os “confrontos”.

Já o titular da SSP, coronel Lima Júnior foi mais enfático, ao apresentar os líderes da quadrilha considerada como "gigantesca" no Brasil e em Alagoas: "Não aceito que o trabalho da polícia seja contestado por criminosos e seus familiares. A Segurança Pública de Alagoas tem de ser aplaudida, porque está cumprindo seu dever. O Estado está fazendo o papel dele”, afirmou.

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