Abuso de poder

Agente de trânsito tenta intimidar motorista de Brasília que teria feito "cara feia"

Agente interpela mulher que teria feito "cara feia" para manobra ilegal dele

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Um agente do Detran-DF abordou de forma agressiva uma motorista reclamando que ela havia feito “cara feia” para uma manobra de trânsito que ele fizera momentos antes. Pilotando uma motocicleta, placa JHL 8348, o agente pareceu impacientar-se com o fato de a motorista, a blogueria Katia Maia, haver parado na faixa de pedestre para esperar a travessia de uma mulher, em uma via do Parque da Cidade. O agente saiu da direita da pista e fez uma conversão proibida, obrigando a motorista a parar seu carro, onde também se encontrava seu filho pequeno, a caminho da escola. Quando ela já se distanciara do local, percebeu que o agente ligara a sirene, obrigando-a a parar e travando com Katia Maia um diálogo insólito, iniciado com uma interpelação reveladora do despreparo e da truculência do funcionário público: “A senhora fez cara feia para mim?”

Veja o relato do episódio, publicado no blog de Katia Maia nesta terça-feira, sob o título “Como assim, cara feia?”:
“Ao ver  na televisão, essa manhã, a história do policial civil que surtou em uma cidade próxima à Brasília, constrangendo o dono e os funcionários de uma padaria e abordando pessoas nas ruas e as obrigando a comer lixo e outros constrangimentos mais, eu nem imaginava que em menor grau, também protagonizaria uma ação de constrangimento à minha pessoa por parte de um agente do Detran.
Talvez você, que está lendo esse texto, avalie (ao final) que eu estou sendo rígida demais e fazendo tempestade em um copo d?água, mas a verdade é que me senti constrangida pela forma e pela falta de propósito da abordagem do agente do Departamento de Transito do DF.
Por volta da 8h15 da manhã dessa terça feira, (1/10) eu transitava pelo parque da cidade, à altura do Pavilhão de Exposições, parei em frente à faixa de pedestre para que uma pessoa atravessasse. Quando o pedestre terminou a travessia e eu dei a partida, um agente do Detran, na moto placa JHL 8348, saiu da lateral  direita da pista e fez uma conversão bem em frente ao meu carro sem nenhum aviso de sirene ou sinalização.
Tive que parar e esperar o referido agente terminar sua manobra, e depois segui meu trajeto. Foi quando, para minha surpresa, o agente fez a volta, ligou a sirene (agora sim, ele ligou a sirene) e veio atrás do meu carro. Mandou que eu encostasse e começou um diálogo absurdo:
Ele me perguntou:
– A senhora fez cara feia para mim?
– Não senhor, não fiz cara feia para o senhor. Respondi e completei: por que, o senhor está interpretando a minha feição?
– A senhora não viu o pedestre atravessando? Ele continuou.
– Sim senhor, eu vi o pedestre atravessando. Tanto é que parei o meu carro para que ele pudesse passar. O que eu não vi foi o senhor saindo de repente na minha frente, sem aviso nenhum para, de moto, fazer a mesma travessia do pedestre. Falei
– A senhora por um acaso ficou insatisfeita porque estou trabalhando. Eu estou fazendo o meu trabalho! disse ele, já meio irritado.
– Não senhor, o que eu não vi, repito, foi o senhor sair de repente para atravessar com a moto na minha frente. Repeti.
– Eu estou fazendo o meu trabalho! Reclamou ele.
– Sim senhor, eu também sou cidadã e estou indo para o meu trabalho. Eu disse e emendei: só não entendi por que o senhor me abordou agora.
– Porque a senhora fez cara feira e ficou insatisfeita com o meu trabalho. Disse ele.
– Não senhor, não fiz cara feia, estou indo para o meu trabalho, aliás, bem tranqüila porque o dia está nublado e eu adoro dia com nuvens. Eu disse na maior calma, justamente para não dar motivos para que ele novamente interpretasse (talvez) a inflexão da minha voz.
Ele ligou a moto e saiu. Sem mais falar ou se despedir.
Claro que fiquei atônita e surpresa com o ocorrido. Bom, ao chegar no trabalho, nervosa e chateada com essa terça feira que começou com a cara de segunda, recorri à ouvidoria do órgão para registrar minha reclamação. Por um motivo apenas…

Como assim? Como assim, um agente do Detran pode me abordar, me constranger na frente do meu filho porque IMAGINOU QUE EU FIZ CARA FEIA???? Eu estava dentro do meu carro, com o meu filho, indo deixá-lo na escola, e seguindo para o meu trabalho. Eu, uma cidadã, profissional liberal, trabalhadora, em dia com minhas obrigações que não são poucas (principalmente as tributárias, que nos arrancam o couro para pagar os salários e as despesas do setor público) não entendo por que um agente do Detran pode me CONSTRANGER E ME ABORDAR PORQUE IMAGINOU QUE EU FIZ CARA FEIA!!!!”

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