Operação Títeres

PF apura se ex-senador Romero Jucá e filho coordenaram laranjal em Roraima, em 2018

Defesa de Romero e Rodrigo Jucá negam serem investigados ou terem envolvimento com laranjas

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A Polícia Federal deflagrou hoje (11) a Operação Títeres, para aprofundar a investigação de uma associação criminosa que seria responsável por fraudes e desvios de recursos públicos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, nas eleições de 2018, em Roraima. O ex-senador Romero Jucá (MDB) e seu filho Rodrigo Jucá são suspeitos de comandar o esquema que usava candidaturas laranjas do MDB e do PSD. Policiais federais cumpriram seis mandados de busca e apreensão na capital de Roraima, Boa Vista.

Os mandados foram expedidos pela justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima, a pedido da PF e do Ministério Público Eleitoral (MPF). Sem citar nomes ou siglas partidárias, a PF relata que “determinado partido político, em Roraima, obteve um índice de ‘custo de votos em reais’ referente às candidatas ao cargo de deputado federal ou estadual vinte vezes superior à média brasileira”.

A PF identificou candidatas aos referidos cargos que, apesar dos recursos recebidos, obtiveram um número irrisório de votos. Um exemplo foi da candidata Regiane Braga (PSD), que registrou o recebimento de quase R$ 105.000,00 e obtido apenas 9 votos.

“Os indícios constantes no Inquérito Policial apontam que se tratariam de candidatas ‘laranjas’, que seriam utilizadas para obtenção de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para o grupo criminoso. Tais recursos seriam, então, destinados a candidatos que efetivamente disputariam o pleito ou utilizados para pagamentos de empresas de fachadas, ou por serviços que não teriam sido executados”, explica a PF.

Coligação

A ligação entre o MDB e o PSD no esquema é explicada da seguinte forma: “Apesar das candidatas investigadas serem de um partido político, a maior parte dos recursos destinados a elas seria oriunda de outro partido que participava de mesma coligação à época”.

Os investigadores ressaltam ainda que a autorização e execução da transferência de recursos do Fundo de Financiamento Especial de Campanha dependeria da presidência estadual dos partidos. Os mesmos dirigentes também escolheriam candidatos e aprovação de suas respectivas prestações de contas.

Os principais crimes investigados são participação em associação criminosa, a falsidade ideológica eleitoral e a apropriação de valores do financiamento eleitoral, crimes cujas penas, somadas, podem chegar a 14 anos.

O nome da operação faz referência aos títeres, fantoches movidos por terceiros por meio de cordéis ou manipulação direta das mãos de seu operador.

Defesa

Em nota enviada ao Diário do Poder, a defesa dos investigados comunicou que o MDB de Roraima e o ex-senador Romero Jucá repudiam veementemente o que chamou de alegações absurdas vazadas da Operação Títeres, de que estariam agindo no intuito de desviar recursos do fundo eleitoral na campanha de 2018.

A nota assinada pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirma que o ex-senador Jucá não é investigado. E diz que não houve ações ou medidas contra o ex-senador, seu filho ou o MDB, relativas à Operação Títeres.

Veja a íntegra da nota:

A Defesa do ex-senador Romero Jucá esclarece que o MDB de Roraima e o ex-senador Romero Jucá repudiam veementemente as alegações absurdas vazadas da operação Títeres, de que estariam agindo no intuito de desviar recursos do fundo eleitoral na campanha de 2018. O MDB naquela eleição coligou com diversos partidos, inclusive o PSD.

Segundo a legislação eleitoral, o partido procedeu doação oficial a dezenas de candidatas e candidatos cumprindo inclusive a destinação de 30% para a candidatura de mulheres, tendo sua prestação de contas aprovada pelo tribunal eleitoral.

Cada partido político é responsável pela escolha de seus candidatos e cada candidato é o único responsável pela seus gastos e prestação de contas. O MDB não tem nenhuma ingerência sobre isso. O MDB doou na campanha a mais de 20 mulheres candidatas de diversos partidos, e qualquer desvio ou irregularidade realizada por qualquer candidata deve ser apurada e punida com rigor.

A candidata do PSD Regiane Braga recebeu a doação dentro da cota estipulada para os candidatos, não tendo o MDB qualquer relação com ela. É importante ressaltar que o MDB, o ex-senador Romero Jucá e seu filho Rodrigo Jucá não foram alvo de nenhuma ação ou medida na referida operação. A defesa reafirma que o ex-senador não é investigado.

Esperamos responsabilidade nas apurações e reafirmamos nossa confiança no Poder Judiciário.

KAKAY

(Com informações da Comunicação Social da PF em Roraima)

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