Nomes de autoridades

Tabela de “valores de passe” da Odebrecht não foi investigada pela PGR

Planilha inclui nomes de 22 políticos e autoridades, incluindo dois ministros de cortes superiores

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Sede da Odebrecht em São Paulo. Foto: Divulgação

Uma tabela de “valores de passe” da Odebrecht relacionada a 22 políticos e autoridades, incluindo dois ministros de corte superiores, não foi investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O documento entregue pelo delator João Antônio Pacífico Ferreira, ex-diretor-superintendente da construtora nas regiões Norte e Nordeste, acabou arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito de um inquérito que investigada o deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE), que teve o nome citado na planilha, por suposto recebimento de propina.

Em junho deste ano, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e a Polícia Federal pediram 60 dias para concluir as investigações a respeito da planilha da Odebrecht. No entanto, o ministro do STF Dias Toffoli mandou arquivar o caso, argumentando que o inquérito perdurava “por prazo significativo, com prorrogações sucessivas”.

Segundo a PGR, a decisão de não investigar os nomes que constam na lista foi tomada pela gestão anterior a de Dodge. A avaliação dos itens citados pelos delatores teria levado a decisão de que não havia elementos básicos para dar início a um inquérito relacionado aos demais nomes citados na planilha.

A tabela citava nomes como o do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Francisco Falcão, que presidiu o tribunal entre 2014 e 2016; do ministro do Tribunal de Contas da União José Múcio; e o do ex-ministro do TCU José Jorge. Os valores repassados não foi confirmado, já que os delatores não foram indagados oficialmente sobre o assunto.

Procurados pela reportagem, todos os ministros negaram o envolvimento no caso e afirmaram que não foram procurados pela PGR. Francisco Falcão afirmou não conhecer o delator e declarou que não comentaria “o que julga se tratar de uma informação falsa”.

José Múcio disse que conhece o engenheiro João Pacífico, mas nega que tenha pedido recursos para a Odebrecht. “Eu sou corregedor do tribunal, vice-presidente, vou assumir a presidência do tribunal em dezembro, evidentemente que quanto mais isso for esclarecido, para mim é melhor.” O sobrinho de Múcio, Fernando Monteiro (PP-PE), declarou à Justiça Eleitoral o recebimento de uma doação de R$ 30 mil da Odebrecht para sua campanha a deputado federal em 2014. Múcio nega que tenha pedido esses recursos para o sobrinho.

O ex-ministro do TCU José Jorge também afirmou conhecer Pacífico que, segundo ele, é uma pessoa popular em Pernambuco, e nega ter pedido recursos à construtora. Senador de 1999 a 2007 pelo antigo PFL, José Jorge apontou que a PGR não o procurou para tratar do assunto. “Nas últimas eleições minha única participação foi votar. Nunca recebi recursos nem participei de campanhas quando estava no TCU.” (Com informações da FolhaPress)

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