Pivô do Triplex

Senador petista fantasia que ‘ameaça’ a Léo Pinheiro forçou acusação contra Lula

Jaques Wagner sugere que ex-executivo da OAS reiterou denúncia para reduzir pena

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Um dos principais aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador Jaques Wagner (PT-BA) sugeriu nesta quinta-feira (4) que o empreiteiro Léo Pinheiro sofreu ameaças para escrever carta enviada à Folha de S.Paulo na qual o ex-executivo da OAS reitera acusações que levaram o petista a ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do Triplex do Guarujá. Wagner lamentou ter participado da aprovação da lei que instituiu a delação premiada, sancionada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

“A carta, para mim, chega a ser risível. Porque a carta alguém deve ter dito ‘ou você escreve a carta, ou você não terá o benefício de eventual redução de pena’. Na verdade, eu não tenho provas, mas imagino…eu conheço o Léo Pinheiro. O que ele deve ter passado lá dentro. Não sei que tipo de ameaças que ele recebeu”, continuou o senador e ex-governador da Bahia. “É impossível você falar de uma contribuição livre e espontânea de alguém que está preso”, concluiu.

Sobre ter aprovado a lei que instituiu a delação premiada, o senador disse ter falhado, sem especificar o que poderia melhorar. “Hoje, sou obrigado a dizer que me arrependo de ter contribuído, porque nós não fomos, na minha opinião, no detalhe”, afirmou.

Na carta, Léo Pinheiro rechaça a possibilidade de ter adaptado suas declarações sobre o apartamento tríplex em Guarujá (SP) para que seu acordo de delação premiada fosse aceito pela Lava Jato, como sugeriu a narrativa de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil, segundo a qual, o empreiteiro só passou a ser considerado merecedor de crédito na Lava Jato após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento que a empresa afirmou ter reformado para Lula. Testemunho que foi peça chave para a condenação do petista.

Delação defendida

Colegas de Jaques Wagner no Senado saíram em defesa do instituto da delação. “Não podemos, a despeito de excessos que tenham havido, criminalizar o que a Lava Jato avançou no Brasil”, disse o líder da minoria na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“O grande erro da Lava Jato foi o juiz da operação servir a um governo que tem caso de corrupção. A delação premiada é um instituto que melhorou o sistema penal brasileiro e deve, sendo utilizado como vem sendo pelo Ministério Público, aprimorar os mecanismos anticorrupção”, afirmou Randolfe.

O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), disse que a carta de Léo Pinheiro demonstra a intenção de dizer a verdade depois que “a casa caiu”. “Acho que ele não foi coagido a mandar uma carta dizendo que não foi coagido”, afirmou Olímpio.

Indagado se a carta enfraquecia a defesa de Lula, o senador disse respeitar as teses de todos que tentam encontrar argumentações jurídicas.

“Mas [a carta] só sedimenta o que a Justiça, Sergio Moro e o TRF-4 fizeram”, disse o Senador, referindo-se ao ex-juiz da Lava Jato (que condenou Lula) e ao Tribunal Regional da 4ª Região (que manteve condenação).

Defesa

A defesa do ex-presidente divulgou nota na qual rebate a carta. Segundo o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, o relato do empreiteiro é incompatível com os diálogos entre procuradores da Lava Jato publicados pela Folha de S.Paulo e The Intercept Brasil no último domingo (30).

Léo Pinheiro só apresentou a versão que incriminou Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava Jato, quando foi interrogado pelo então juiz Sergio Moro no processo do tríplex e disse que a reforma do apartamento era parte dos acertos que fizera com o PT para garantir contratos da OAS com a Petrobras. (Folhapress)

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