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Senador nega papel de ‘comentarista de Bolsonaro’, para obter atenção para Alagoas

Rodrigo Cunha opta por abrir portas em ministérios, sem embate, nem aliança ideológica

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Senador Rodrigo Cunha, do União Brasil, disputa o governo de Alagoas. Foto: Divulgação

Campeão de votos em Alagoas em 2018, o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) disse nesta quarta-feira (31) que tem priorizado o trabalho técnico e não ideológico, para garantir a captação de recursos e ações do governo federal para os alagoanos, neste início de seu primeiro mandato no Senado da República, sobre o qual prestou contas em encontro com a imprensa, em um hotel de Maceió (AL). Dentro desta estratégia propositiva, o senador que preside o PSDB em Alagoas afirmou que tem se negado a cumprir o papel de “comentarista de tuíte”, das polêmicas produzidas constantemente pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O senador que venceu Renan Calheiros (MDB-AL) nas urnas e criou uma central de captação de recursos para projetos de prefeituras alagoanas afirmou que tem conseguido abrir portas para Alagoas no governo Bolsonaro, junto a ministérios, por meio da atuação técnica, sem precisar firmar alianças ou demonstrar sintonia com a ideologia do presidente. E acredita que colherá frutos para os alagoanos, no futuro, contrariando as apostas de que sua postura não renderá recursos para obras, em comparação com as velhas táticas da política tradicional.

“Não quero exercer o papel de comentarista dos tuítes do presidente. Respondo sobre qualquer assunto. Só não quero estar me expondo de maneira desnecessárias, para minar minha energia e tirar a capacidade de direcionar esta energia para coisas mais produtivas. O relacionamento com os ministros é bom. Já consegui criar relações, não só minha como de meu gabinete, com os ministérios, o que me permite avançar. Conversei com vários ministros. Relações estão sendo criadas em cima de uma maneira republicana de ser”, disse o senador.

Além de citar ter estado mais de uma vez com o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, debatendo assuntos como soluções para a tragédia geológica que atinge bairros de Maceió, a obra do Canal do Sertão e as desigualdades regionais. E também citou o relacionamento criado com os ministérios da Saúde, Cidadania, Minas e Energia, do Turismo e da Educação.

O senador expôs sua contrariedade, por exemplo, em relação a temas como as falas do presidente sobre governadores nordestinos e a respeito da declaração considerada pelo senador como “extremamente desrespeitosa”, quando Bolsonaro disse saber sobre o paradeiro do preso político da ditadura militar, Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. E avalia que muitas vezes é uma informação comentada pelo presidente que não contribui com o momento nacional; mesmo admitindo que, em alguns momentos, gostaria de puxar os debates para sua rede social, onde está cada vez mais difícil dialogar em meio à polarização criada nacionalmente desde 2018.

“Ou eu gasto minha energia nestes primeiros meses para entender o funcionamento [do Congresso e dos ministérios], me posicionar e plantar, para colher lá na frente; ou vou na onda do que o momento pede, que é estar discutindo tudo o que é colocado em pauta pelo presidente ou pela pauta ideológica. Primeiro, é separar a pessoa do presidente. Quando se assume uma responsabilidade, para se julgar, tem que ter um tempo para saber se as políticas econômicas darão resultado ou não”, disse Rodrigo Cunha.

Senador Rodrigo Cunha prestando contas de seu início de mandato à imprensa alagoana, em Maceió. Foto: Divulgação

Postura propositiva

O tucano que foi o único senador alagoano a participar das duas reuniões da bancada do Estado no Congresso Nacional propôs que os congressistas alagoanos se reúnam para definir as cinco áreas mais carentes do estado, para que as emendas de bancada, e também as individuais, financiem soluções para os principais problemas dos alagoanos. Proposta que foge do foco em interesses meramente eleitorais que geralmente pautam o direcionamento dos recursos da União para redutos políticos dos parlamentares.

“Não quero passar oito anos no Senado, ver os mesmos indicadores ao final desse período, e culpar a dívida histórica, dizendo que sempre foi assim. Não tem que ser sempre assim”, disse o senador, ao também cobrar a participação efetiva do governo de Renan Filho (MDB), junto à bancada de Alagoas.

Como suplente da CCJ e titular de três comissões no Senado, Rodrigo Cunha ressaltou o trabalho como presidente da Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle, que elegeu a fiscalização de 1,7 mil obras de creches paradas como prioridade máxima este ano, sendo 97 delas em Alagoas. E defendeu mudança no pacto federativo, para uma maior participação direta dos municípios na execução de projetos com recursos federais; dando como exemplo que creches construídas diretamente pelas prefeituras, dificilmente deixam de ser entregues.

Em menos de seis de mandato, Rodrigo Cunha assumiu a relatoria de 31 matérias, entre as quais a que protege os dados pessoais dos brasileiros. Apresentou 33 proposições legislativas, sendo nove projetos. E ainda pediu a investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o vazamento de dados de aposentados do INSS, e sobre a política de preços dos combustíveis.

Durante o recesso, o senador trabalhou com sua equipe em visita a municípios de Alagoas, em busca de sugestões de sua atuação parlamentar e indicando sugestões para prefeituras enviarem projetos para captação de recursos não apenas junto à União, como também através de organismos internacionais.

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