Renan Filho reage contra prisão de deputado do PSL, mas é acusado de persegui-lo
Cabo Bebeto se apresentou para cumprir prisão disciplinar de seis dias, determinada pelo Comando da PM

O deputado estadual eleito, Cabo Bebeto (PSL-AL), se apresentou ao Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), na noite desta sexta-feira (14), para cumprir a uma ordem de prisão disciplinar, expedida pela Vara Militar. O novo episódio resultante de uma punição da Polícia Militar de Alagoas ao policial do partido de oposição ao governador Renan Filho (MDB) gerou um bate boca nas redes sociais entre o chefe do Executivo e o presidente do PSL de Alagoas, Flávio Moreno. O parlamentar foi solto no dia seguinte, ao obter um habeas corpus.
O governador foi o primeiro a se manifestar, na postagem em que afirmou que a prisão era “absurda, extemporânea e cheira a casuísmo político”.
“Não se pode privar de liberdade, anos depois, por motivos fúteis. Não admitirei mistura de polícia com política. Determinei ao sec. de Segurança [coronel Lima Júnior] que trabalhe pela liberdade do dep. eleito. Vou trabalhar para que essa absurda prisão seja revertida e o Cb Bebeto solto. Perseguição política não passará, não há espaço, por isso me uno aos que isso não admitem. Por mais que alguns não aceitem, a voz das urnas é a energia da democracia”, escreveu o governador em seu perfil do Twitter.
Em seguida, o governador foi ao perfil do Instagram de Flávio Moreno, para reagir contra a publicação do presidente do PSL, que acusou Renan Filho e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) de fazer um “papelão” em suposta atuação política para prender Cabo Bebeto, que foi punido por abandono de posto e de serviço, em duas ocasiões.
“Perseguição política é demais! Respeitem as urnas e a vontade do povo que elegeu Cabo Bebeto pelo PSL, partido de Bolsonaro em Alagoas! Vergonhoso!”, escreveu o presidente do PSL, antes de o governador reagir da seguinte forma: “Postou atrasado, Flávio Moreno. Me posicionei uma hora antes de você. Minha posição sobre essa absurda prisão já é de conhecimento público”.
O presidente do PSL, Flávio Moreno, retrucou: “Atrasado está você. O fato de ter feito postagem não convence da perseguição política promovida por seu governo! Já denunciada por mim há 8 dias atrás. Está feio o papelão”, escreveu, citando reportagem do Diário do Poder.
A discussão seguiu com Renan Filho respondendo a cobrança de um internauta, que lembrou ao governador que ele teria poder para resolver isso, enquanto governador e comandante da PM, de onde partiu a punição que ele afirma ser absurda. “Estou trabalhando por isso. Já acionei a defensoria pública que vai trabalhar pela soltura do deputado”, respondeu o governador.
E Flávio Moreno finalizou: “o Cabo Bebeto tem advogado constituído. A perseguição política promovida por seu governo se dependesse apenas de defesa jurídica já teria sido resolvida. O seu governo através dos seus comandados promoveu a prisão, esperamos que o seu governo tome as providências factíveis para revogação da prisão! O governador pode mais, lembre-se disso! Como um homem público não se apequene, nem deixe manchar sua vida política por conta desse episódio lamentável, lembre-se são seus subalternos e comandados que perseguem. Sinalize uma postura verdadeira, nos conceda uma audiência e revogue a prisão administrativa do Cabo Bebeto.
Lembre-se, o governador pode mais”.
Veja a discussão aqui:
Não seria preso
No início da semana passada, o comandante-geral da PM, coronel Marcos Sampaio declarou que Cabo Bebeto não cumpriria a medida, porque a corporação não tem previsão legal para liberar verba alimentar para policiais que cumprem prisão administrativa.
O policial militar ingressará na reserva ao tomar posse para seu primeiro mandato, na Assembleia Legislativa de Alagoas, a partir de 2019, no mandato garantido por mais de 31 mil votos.
Segundo a decisão da PM, a punição se deu em virtude de o militar ter “abandonado, sem ordem do superior, o posto e o serviço que lhe cumpria executar, sendo estes serviços de Comandante de Guarnição da ROCOM 2 e de permanência ao PM BOX da Pajuçara, respectivamente”.
“No primeiro cenário, precisei me ausentar do local de serviço para me alimentar. Destaco que o turno de serviço ao qual eu estava submetido na ocasião correspondia a 12 horas contínuas em patrulhamento motorizado. Na impossibilidade de almoçar por insuficiência de recursos próprios e sem o suporte do Estado, mediante autorização do superior hierárquico responsável, fiz o deslocamento até minha casa no meu veículo particular e retornei para o trabalho normalmente, permanecendo nas atividades ordinárias até o término do meu turno. No segundo caso, necessitei me ausentar, quando restavam apenas 15 minutos para o fim do meu turno de trabalho, com a finalidade única e exclusiva de prestar socorro a minha esposa que se encontrava em casa e sem o apoio necessário”, explicou o deputado eleito, em nota publicada na semana passada.