Processo de expulsão

PSDB: Conselho de ética que julgará Aécio será instalado em dez dias

Presidente da sigla diz que deputado 'vai ser tratado com absoluto respeito'; SP quer expulsão

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Senador Aécio Neves. Foto: Lula Marques/AGPT

O conselho de ética do PSDB que irá julgar os processos contra membros do partido será instalado dentro de dez dias, segundo o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo (PE).

Entre os primeiros processos na fila pode estar o caso do deputado federal Aécio Neves (MG). Em julho, o diretório municipal de São Paulo apresentou uma moção pedindo a expulsão do mineiro.

Araújo disse que quem irá avaliar a situação de Aécio é o conselho, respeitando as regras definidas pelo código de ética aprovado este ano, que preveem, por exemplo, que para expulsão de um filiado (seja por corrupção, improbidade administrativa dolosa ou racismo e casos de violência contra mulher, idosos, criança), é necessário que haja uma decisão judicial, transitada em julgado.

Réu em processos, incluindo acusação de corrupção, Aécio Neves ainda não foi julgado pela Justiça.

“O ex-senador, ex-governador, deputado Aécio Neves tem da minha parte, e de grande parte do partido, uma relação de absoluto respeito pela sua história, pelo que fez com o Brasil, pelo que fez com Minas. Vai ser tratado com absoluto respeito, especialmente da minha parte, fazendo com que a regra do jogo siga democraticamente”, disse Araújo.

Em julho, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, deu um ultimato sobre a permanência de Aécio no partido e chegou a ameaçar: “Ele ou eu”. Para os aliados de Aécio, a ala paulista estaria tentando criar “um tribunal de exceção”.

Para o presidente do partido em Minas Gerais, deputado Paulo Abi-Acklel, próximo de Aécio, a pressão do diretório paulista é normal no momento pré-eleitoral, um ano antes das eleições municipais.

Abi-Ackel e Araújo também defenderam a independência do PSDB diante dos governos de Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, e de Jair Bolsonaro (PSL).

Apesar de os tucanos ocuparem cargos no primeiro escalão do governo Zema, em maio, Aécio foi incisivo ao dizer que o partido não poderia ser porta-voz do atual governo mineiro. O deputado fez discurso dizendo que o programa do PSDB não era o do ultraliberalismo.

Governo Bolsonaro

Nesta sexta, Abi-Ackel, comparou a situação dos tucanos no governo estadual com a do DEM no governo Bolsonaro. Ele diz que, apesar de os democratas terem Luiz Henrique Mandetta (MS), na Saúde, e Onyx Lorenzoni (RS), na Casa Civil, seguem tendo posição independente defendida pelo presidente do partido, ACM Neto (BA).

Araújo reiterou o discurso de independência diante do governo federal. O presidente tucano diz que vai colaborar com o governo em pautas liberais, como fizeram com a reforma da Previdência, relatada por dois políticos do partido —Samuel Moreira (SP), na Câmara, e Tasso Jereissati (CE), no Senado.

Ele salientou, porém, que devem se posicionar contra “qualquer atitude anti-civilizatória, qualquer posição autoritária ou qualquer coisa que leve a posições extremas”.

Sobre o apoio a Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país, na dobradinha “Bolsodoria”, Araújo disse que o partido ficou entre duas alternativas: PT ou Bolsonaro.

“Nossa natureza foi ant-PT, de enfrentamento ao PT. Eu votei em Bolsonaro como negação ao PT, que foi o partido que nós enfrentamos. Talvez a liturgia da cadeira de presidente da República pusesse alguns limites. Talvez esses limites não tenham sido estabelecidos pela força da instituição”, avalia ele. (Com informações da Folhapress)

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