Presidente vê 'armação'

PF deve investigar tentativa de envolver Bolsonaro no caso Marielle

Indignado, o próprio presidente fez o pedido ao ministro da Justiça, Sérgio Moro

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Bolsonaro ao se encontrar em Riad com Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro do Reino da Arábia Saudita - Foto: José Dias/PR.

O presidente Jair Bolsonaro solicitou ao ministro Sérgio Moro (Justiça) que a Polícia Federal investigue o envolvimento do seu nome na apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro. O presidente acredita que é vítima de uma “armação”.

Bolsonaro está inconformado com o vazamento do depoimento de um porteiro do condomínio onde morou, no Rio, sobre a visita de um dos envolvidos no crime. O caso vem sendo usado por adversários políticos do presidente, que sonham com seu envolvimento no crime.

Segundo o porteiro, o visitante disse que se dirigia à casa de Bolsonaro. Por interfone, alguém identificado por “Jair” autorizou a entrada, mas o carro do visitante se dirigiu a outra casa. Mas no dia em que isso teria ocorrido Bolsonaro se encontrava em Brasília, onde participou de duas votações e concedeu entrevistas.

Witzel sabia, afirma Bolsonaro
Em entrevista a Caiã Messina, enviado especial da Band na cobertura da visita oficial a países árabes, o presidente acusou o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), de conduzir o processo do caso Marielle para prejudicá-lo.

Ele afirmou que Witzel falou com ele sobre o assunto semanas atrás em um evento no Clube Naval do Rio de Janeiro, apesar do processo correr sob segredo de Justiça.

“No dia 9 de outubro, às 21 horas, eu estava no Clube Naval do Rio de Janeiro quando o governador Witzel chegou para mim e disse: o processo está no Supremo”, contou Bolsonaro.

“Que processo? O que eu tenho a ver? E o Witzel disse que o porteiro citou meu nome. Ele sabia do processo que estava em segredo de Justiça”, disse o presidente.

“Agora eu pergunto ao governador Witzel: você sabia? Esse processo corre em segredo de Justiça. No meu entendimento, o senhor Witzel está conduzindo esse processo para manchar meu nome com essa falsa acusação”, completou Bolsonaro.As declarações do presidente foram feitas ao sair do hotel em Riad, na Arábia Saudita, a caminho do fórum conhecido como “Davos no Deserto”. Bolsonaro contou que havia dormido apenas uma hora por causa da crise, mas que era “militar” e enfrentaria os investidores que o aguardavam.

Durante a madrugada, o presidente fez uma transmissão ao vivo em suas redes sociais para rebater matéria do Jornal Nacional, da TV Globo, que diz que um dos acusados de dirigir o carro com os assassinos de Marielle esteve em seu condomínio no dia do crime.

Segundo o depoimento de um porteiro, o suspeito pediu para ir na casa de Bolsonaro e um homem com a mesma voz do presidente atendeu o interfone e autorizou a entrada. O acusado, no entanto, teria ido em outra casa dentro do condomínio.

O depoimento tem uma contradição porque o plenário de presença da Câmara dos Deputados atesta que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia. Para o presidente, esse porteiro é uma pessoa “humilde” que está sendo “usada” pelo delegado da Polícia Civil que conduz o caso “a mando de Witzel”. Ele afirmou ainda que pretende ver com seus advogados se a Polícia Federal pode tomar novamente o depoimento do porteiro.

O presidente afirmou ainda que está aguardando a TV Globo convidá-lo para uma entrevista no Jornal Nacional ao vivo sobre o assunto. “Se é que alguém tem caráter na cúpula da Globo. Divulgar uma matéria mentirosa para atrapalhar o Brasil aqui [na Arábia Saudita]. Acabou a mamata da TV Globo”.

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