Temporais no Rio

Para se eximir de incompetência, Crivella põe culpa das chuvas no aquecimento global

Prefeitura do Rio não gastou um centavo este ano com drenagem urbana e contenção de encostas

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O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, disse hoje (10) que as chuvas fortes que estão atingindo a cidade são resultado do aquecimento global. “Estamos enfrentando problemas seríssimos de aquecimento global. Nunca se choveu tanto em tão pouco tempo”.

Crivella visitou hoje a comunidade de Jardim Maravilha, em Guaratiba, na zona oeste da cidade, que sofreu com um grande alagamento. Ele também voltou a alegar que falta dinheiro para fazer obras de prevenção aos efeitos de temporais.

“É importantíssimo que a gente tenha parceria com o governo federal. Herdamos uma dívida bilionária. Nesses quatro anos de governo, tenho que pagar R$ 6 bilhões [ao governo federal]”.

Crivella disse que apesar do município ainda estar no estágio de crise (o mais grave de uma escala de três), a situação da emergência está passando. “Agora o sol está brilhando. Enfrentamos todas as dificuldades. Entramos num estágio de crise e vamos sair da crise”.

No Jardim Maravilha, Crivella prometeu iniciar obras de dragagem no Rio Cabuçu-Piraquê, que corta a região. A prefeitura informou que 100 famílias da comunidade foram atingidas pela chuva. Duzentas e quarenta cestas básicas serão distribuídas.

No entanto, dados do Rio Transparente mostram que até o momento o município não gastou um centavo na manutenção da drenagem urbana da cidade e na contenção de encostas.

Os R$ 8.297.106,09 pagos para as empreiteiras contratadas para os serviços de drenagem quitaram apenas faturas por serviços prestados principalmente no ano passado. Ou seja, durante todo o verão, a antiga Secretaria de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma), não autorizou (empenhou) novas despesas entre janeiro e o início de abril. O temporal que deixou dez mortos na cidade, desde a noite de segunda-feira, 9, é o terceiro registrado em 2019 .

Nos últimos anos, a verba para esse tipo de serviço tem caído. Em 2018, a prefeitura pagou ao longo do ano, R$ 31,5 milhões incluindo faturas de anos anteriores. Mas levando em conta apenas 2018 (incluindo as faturas pagas em 2019), as despesas foram de R$ 24,4 milhões. Em 2017, primeiro ano do governo Crivella, os investimentos na manutenção da drenagem alcançaram R$ 33,5 milhões.

Em 2016, último ano do governo do ex-prefeito Eduardo Paes, o total gasto no programa foi de R$ 55,3 milhões (sem incluir restos a pagar).

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