Fundo Amazônia

Noruega vai bloquear repasses para preservação da Amazônia

Após aumento no desmatamento, Alemanha também suspendeu dinheiro para a principal 'rain florest' do mundo

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A Noruega anunciou nesta quinta-feira, 15, que vai suspender os repasses de R$ 133 milhões para a preservação e ações contra o desmatamento na Amazônia.

“O Brasil rompeu o acordo com a Noruega e a Alemanha desde o fechamento da diretoria do Fundo Amazônia e do Comitê Técnico. Eles não podem fazer isso sem acordo com a Noruega e a Alemanha”, disse o ministro do Clima e do Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, ao jornal norueguês “Dagens Næringsliv”, especializado em negócios. A Noruega e a Alemanha já se declararam contrárias às mudanças.

A Alemanha anunciou também nesta semana o corte de repasses ao Brasil, mas restritos a projetos de preservação da floresta que não estavam ligados ao Fundo.

O ministro norueguês indicou que, nos últimos meses, os índices de devastação da Amazônia se multiplicaram em relação ao mesmo período do ano anterior. De acordo com ele, isso mostraria que o governo brasileiro “não quer mais parar” o desmatamento.

A comunidade científica, segundo Elvestuen, está preocupado que o desmatamento leve o bioma a um “ponto de inflexão” — a devastação seria tamanha que afetaria a formação de chuvas, provocando a destruição de toda a floresta.

“Isso é muito sério para toda a luta pelo clima. A Amazônia é o pulmão do mundo e todos nós dependemos inteiramente da proteção da floresta tropical. Não há cenários para atingir as metas climáticas sem a Amazônia”, alertou o ministro.

Os nórdicos são os maiores financiadores do fundo internacional voltado à floresta.

Em uma década de existência, o Fundo Amazônia já contabilizou, segundo dados coletados até o ano passado, 103 projetos, sendo que 21 foram concluídos. Ao todo, foram captados US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) ao longo desses 10 anos.

Até 2018, a Noruega havia fornecido US$ 1,2 bilhão ao fundo. Em seguida, aparece a Alemanha, que doou US$ 68,1 milhões (aproximadamente R$ 192,6 milhões) desde 2010 até o ano passado.

Recentemente, o desmatamento na Amazônia tem crescido de modo acentuado. A destruição em junho aumentou 88% e em julho 278% —em comparação a junho e julho de 2018—, segundo dados do Deter do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Na última semana, em audiência no Senado, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do Brasil, criticou a Noruega. “A Noruega, que é o principal doador do Fundo Amazônia, é o país que explora petróleo no Ártico, e vem criticar ou colocar o argumento da exploração de petróleo na foz do [rio] Amazonas. Eles exploram no Ártico. Eles caçam baleia. E colocam no Brasil essa carga toda, distorcendo a discussão ambiental”, disse Salles.

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