Pura provocação

‘Não se assustem se alguém pedir o AI-5’, diz Paulo Guedes

Em Washington, ministro da Economia responde questões de jornalistas sobre o AI-5

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Ministro de Estado da Economia, Paulo Guedes. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que as pessoas não devem ficar assustadas se “alguém pedir o AI-5” diante de uma possível radicalização dos protestos de rua no Brasil. A declaração foi feita durante entrevista coletiva com a presença de jornalistas brasileiros e da imprensa estrangeira em Washington.

Guedes comentava a convulsão social e institucional em países da América Latina e disse que era preciso prestar atenção na sequência de acontecimentos nas nações vizinhas para ver se o Brasil não tem nenhum pretexto que estimule manifestações do mesmo tipo.

“Sejam responsáveis, pratiquem a democracia. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para a rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática.”

Questionado depois se o AI-5 era admissível em alguma circunstância, o ministro respondeu, gesticulando os braços de maneira que parecia ser irônica: “É inconcebível, a democracia brasileira jamais admitiria, mesmo que a esquerda pegue as armas, invada tudo, quebre e derrube à força o Palácio do Planalto, jamais apoiaria o AI-5, isso é inconcebível. Não aceitaria jamais isso”. Questionado então se a resposta era uma ironia, o ministro respondeu, novamente gesticulando os braços: “Isso é uma ironia ministro, o senhor está nos ironizando? De forma alguma”.

Guedes afirmou que declarações sobre a edição de um novo AI-5 no Brasil, como a feita por um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foi uma reação ao que chamou de convocações feitas pela esquerda, endossadas por Lula logo depois de ser solto, há pouco mais de duas semanas.

Guedes disse que era “uma insanidade” o petista pedir a presença do povo nas ruas – bassim que saiu da cadeia, Lula disse que os jovens deveriam fazer protestos como os da Bolívia e Chile– e sugeriu que o projeto de lei que prevê o excludente de ilicitude seria também uma resposta de Bolsonaro ao petista.

O Ato Institucional de 1968 foi a medida mais dura do regime militar, que institucionalizou a tortura e revogou direitos fundamentais no país.

O ministro admitiu que o ritmo das reformas desacelerou no Congresso após a aprovação das mudanças na Previdência e disse que, quando as pessoas começam a ir para as ruas “sem motivo aparente”, é preciso “entender o que está acontecendo” e avaliar se é possível prosseguir com a agenda liberal.

“Qualquer país democrático, quando vê o povo saindo para a rua, se pergunta se vale a pena fazer tantas reformas ao mesmo tempo.”

Guedes foi questionado por um dos jornalistas se essa aparente diminuição do ritmo das reformas não era medo do ex-presidente Lula, que iniciou um discurso de forte crítica à agenda econômica do governo Bolsonaro. Na avaliação do petista, as medidas comandadas por Guedes retiram direitos dos trabalhadores e prejudicam os mais pobres.

“Aparentemente digo que não (Bolsonaro não está com medo do Lula). Ele só pediu o excludente de ilicitude. Não está com medo nenhum, coloca um excludente de ilicitude. Vam’bora”. (Com informações da Folhapress)

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