“Adultos não escutam”, diz adolescente indicada ao Nobel por greve global pelo clima
Greta Thunberg lidera movimento jovem no mundo nesta sexta-feira por medidas contra o aquecimento global
A jovem ativista sueca de 16 anos, Greta Thunberg, responsável pela greve mundial pelo clima, realizada nesta sexta-feira, 15, afirma que os adultos não escutam o apelo dos jovens. “Sinto que poucos deles estão escutando. Mas também acho que a maioria deles ainda não têm o conhecimento básico sobre a crise climática. Isso é porque eles estão ocupados fazendo outras coisas para serem reeleitos”.
“Os adultos ficam dizendo: ‘devemos dar esperança aos jovens’. Mas eu não quero a sua esperança. Eu não quero que vocês estejam esperançosos. Eu quero que vocês estejam em pânico. Quero que vocês sintam o medo que eu sinto todos os dias. E eu quero que vocês ajam. Quero que ajam como agiriam em uma crise. Quero que vocês ajam como se a casa estivesse pegando fogo, porque está”, afirmou Greta Thunberg eu seu primeiro discurso na ONU, em Davos, durante a Conferência do Clima em dezembro.
Ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz por três políticos noruegueses por seu trabalho contra mudanças climáticas e pelo cumprimento do Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura média mundial para, no máximo, 2ºC até o fim do século.
Greta começou sua “greve escolar pelo clima” em agosto do ano passado. Ela passou a mata as aulas de sexta-feira para protestar em frente ao Parlamento sueco, em Estocolmo.
“Eu só cheguei na hora certa. Cada vez mais pessoas têm consciência da situação de emergência em que vivemos, do fato de que estamos atravessando uma crise existencial que não foi nunca abordada dessa forma”, diz.
Hoje, é a 29ª semana das “Sextas para o futuro” ou #FridaysForFuture, a hashtag em inglês com a qual o protesto se espalhou como pólvora, primeiro nas redes sociais e depois nas ruas de dezenas de cidades de todo o mundo.
A sexta-feira foi o dia que escolheu para continuar uma greve que em princípio se prolongou por três semanas seguidas: o objetivo era obrigar seu país a cumprir o Acordo de Paris sobre o clima.
“Começou em 20 de agosto. Pensávamos que ficaria aqui um pouco, que voltaria para casa para almoçar, mas não. Foi a mesma coisa no mesmo dia depois e no seguinte”, conta Svante Thunberg, pai de Greta, que durante as mais de sete horas de greve de sua filha permanece discretamente na praça.
Certa vez, questionada do por quê do impacto de seu protesto no mundo, Greta disse: “Tenho uma mensagem muito direta e sou uma garota que diz que outras pessoas estão roubando meu futuro e o de outros. Muita gente se sente culpada”.
Para a estudante, “para mudar, as pessoas precisam se educar, para que possam entender as consequências da nossa inação e pressionar os políticos, a sociedade e a imprensa”.