Cota feminina do PSL

Ministro do Turismo teria criado candidatos laranjas para desviar recursos

Diretório presidido por Marcelo Álvaro Antônio repassou R$ 279 mil a postulantes que pagaram empresas de assessores

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PF investiga se ministro de Bolsonaro usou laranjas para desviar recursos. Foto: Valter Campanato/ABr

O ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PSL), deputado federal mais votado em Minas Gerais, teria usado candidaturas laranja para desviar recursos do fundo partidário nas eleições de 2018. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revela que o diretório estadual do PSL, então presidido pelo político, pode ter empregado dinheiro de candidaturas da cota feminina para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara.

Teriam sido investidos R$ 279 mil de dinheiro público, por meio do fundo partidário, em quatro candidaturas que conseguiram pouco mais de 2 mil votos: Lilian Bernardino, Mila Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar. Desse valor, R$ 85 mil foram parar oficialmente na conta de empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro do presidente Jair Bolsonaro, também do PSL.

As quatro mulheres representavam parte da cota feminina da bancada e figuram entre as 20 candidaturas do partido que mais receberam dinheiro do fundo partidário. Os poucos votos, segundo a reportagem, seria um indicativo de candidaturas de fachada, em que há simulação de alguns atos reais de campanha, mas não empenho efetivo na busca por votos.

Dos R$ 85 mil que foram parar nessas empresas, um dos serviços contratados foi o de disparo de mensagens para apoio a candidatos por meio do aplicativo WhatsApp.

Um dos destinatários da verba seria Haissander Souza de Paula, que foi assessor do gabinete parlamentar de Álvaro Antônio de dezembro de 2017 ao início deste ano. Hoje ele é secretário parlamentar do suplente de Álvaro Antônio na Câmara, Gustavo Mitre, do PHS, mostra o jornal.

Outra parte da verba, segundo a reportagem, foi para duas empresas de comunicação de um irmão de Roberto Silva Soares, que foi assessor do gabinete de Álvaro Antônio e coordenou a campanha de Álvaro Antônio no vale do Rio Doce. Parte do dinheiro, aproximadamente R$ 10 mil, foi direcionado para uma gráfica de uma sócia do irmão de Soares.

O ministro Marcelo Álvaro Antônio afirmou, por meio da assessoria, que “a distribuição do fundo partidário do PSL de Minas Gerais cumpriu rigorosamente o que determina a lei” e que “refuta veementemente a suposição com base em premissas falsas de que houve simulação de campanha com laranjas no partido.”

“Fazer ilações sobre o valor gasto por qualquer candidato e a quantidade de votos que o mesmo conquistou é, no mínimo, subestimar a democracia e o poder de análise dos eleitores”, afirmou.

Segundo ele, a contratação de empresas é de responsabilidade de cada candidato. Sobre as suas, especificamente, que não são objeto desta reportagem, ele disse que “foram feitas de forma legal como comprova a aprovação da prestação de contas pela Justiça Eleitoral”.

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