Ministério Público rejeita indicado de Bolsonaro para comissão sobre ditadura
Segundo Conselho Superior do MP, nomeação cabe à procuradora-geral, Raquel Dodge
O Conselho Superior do Ministério Público Federal rejeitou nesta terça-feira, 6, a indicação do governo Jair Bolsonaro para que o procurador Ailton Benedito fosse designado como membro da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).
O pedido para que Benedito fosse indicado à comissão foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sob o comando de Damares Alves.
Por 6 votos a 4, o conselho entendeu que, como a vaga na comissão é do MPF, a escolha do representante do Ministério Público cabe à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e não ao governo federal. Dodge foi um dos seis votos contrários à indicação pelo Executivo.
Mérito não foi analisado
Segundo informou a PGR, por meio de sua assessoria de imprensa, o Conselho Superior do MPF não chegou a discutir o mérito sobre a qualificação de Benedito para o cargo, mas apenas se a indicação caberia ao governo federal ou à PGR.
‘Alinhamento’
O procurador Ailton Benedito é atualmente procurador-chefe da Procuradoria da República em Goiás. Em suas redes sociais, ele se apresenta como alinhado ao conservadorismo e se notabilizou por suas críticas às posições políticas consideradas de esquerda.
Em uma rede social, o procurador se mostra um entusiasta do regime militar. Em 31 de março deste ano, Benedito comemorou a data do golpe de 1964.
O colegiado é formado por sete conselheiros, incluindo membros do Ministério Público e do Congresso, e foi criado em 1995, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Entre os quatro novos membros da comissão especial estão filiados do PSL, partido de Bolsonaro, e militares. (Com informações da Folhapress)