Remessas para campanha

Marqueteiro e assessor de Renan Filho estão na rota da propina da J&F, segundo a PF

Adriano Gehres e Ricardo da Rocha garantiram remessas milionárias para governador e senador

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Marqueteiro Adriano Gehres, o governador de Alagoas Renan Filho e seu assessor especial Ricardo da Rocha. Foto: Redes sociais

Parte das intimações e buscas e apreensões autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin na última terça (5) tiveram como base informação da Polícia Federal de que a rota da suposta propina milionária da J&F para o senador Renan Calheiros (MDB) passou pelo marqueteiro de campanhas de seu clã em Alagoas, Adriano Gehres, e por Ricardo José Gomes da Rocha, assessor especial do Gabinete Civil do governador Renan Filho (MDB) que atuou como motorista de sua campanha em 2014.

O inquérito base para a Ação Cautelar 4427 apurou que o governador Renan Filho recebeu cerca de R$ 3 milhões, a título de “adicionais” na cota de R$ 11,9 milhões destinados ao então presidente do Senado Renan Calheiros, provenientes do fundo de R$ 35 milhões que a J&F destinou como propina para senadores do MDB.

Assim como o senador Renan e seu filho governador, Gehres e Ricardo José Gomes da Rocha foram intimados, e ainda foram alvos de buscas e apreensões em seus endereços. 

Segundo documento sigiloso enviado a Fachin, o delegado da PF Bernardo Guidali Amaral relata que Adriano Gehres atuou como intermediário do envio de parte dos R$ 3 milhões em dinheiro da JBS para a campanha de Renan Filho, por meio da simulação da contratação de sua empresa GPS Comunicação LTDA, com notas fiscais fraudulentas 12/2014 e 13/2014, respectivamente nos valores de R$ 900 mil e R$ 800 mil. Transação que teria sido intermediada por Roseane Nogueira de Andrade, outro alvo de intimação e buscas autorizadas por Fachin.

Os valores destinados a Renan Filho foram complementados ainda com outra nota fiscal fraudulenta do Ibope, de R$ 300 mil, mais doação oficial de R$ 1 mil do MDB de Alagoas, ainda de acordo com o inquérito.

Ricardo José Gomes da Rocha, que recebe salário de R$ 5.676,80 como assessor especial do governador, é citado na investigação por atuar no recebimento de parte dos R$ 8,9 milhões da J&F de Joesley Batista, destinados ao senador Renan Calheiros. Segundo o delegado federal do caso, Ricardo e o ex-assessor especial do governador  Renan Filho, José Aparecido Alves Diniz, foram intermediários no recebimento de R$ 3,8 milhões enviados em espécie da J&F para o senador alagoano. 

O inquérito relata cinco entregas de R$ 600 mil, R$ 800 mil, R$ 700 mil, R$ 900 mil e R$ 800 mil; feitas por Durval Rodrigues da Costa, a pedido do executivo do grupo J&F, Ricardo Saud, com o auxílio de André Gustavo Vieira da Silva, prestador de serviço do grupo, aos intermediários do senador, em Maceió (AL).

José Aparecido Alves Diniz, ocupou por um ano o cargo de assessor especial do Gabinete Civil, com salários de R$ 8.363,01, entre junho de 2015 e julho de 2016, no primeiro mandato de Renan Filho.

Em nota sobre sua intimação para depor no caso, o senador Renan afirmou que “está à disposição e que é o maior interessado no esclarecimento dos fatos”.

Assim como o marqueteiro Adriano Gehres, a assessoria de comunicação do governador Renan Filho não respondeu à solicitação do Diário do Poder por um posicionamento de sua defesa. E a reportagem não consegui contato com os demais citados pela PF.

Entenda o organograma do esquema montado pela investigação autorizada pelo ministro Edson Fachin, relator de inquéritos da Operação Lava Jato no STF:

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