Dados do desmatamento

Marcos Pontes também questiona dados do Inpe e chama diretor para conversa

Pontes disse discordar da maneira como agiu o engenheiro Ricardo Galvão, diretor do Inpe

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Pontes disse que elegeu o programa espacial como uma das prioridades do ministério durante sua gestão Foto: Facebook

O ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) afirmou, em nota publicada em rede social nesta segunda (22), que compartilha da estranheza expressa pelo presidente Jair Bolsonaro quanto aos dados do desmatamento que o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) produz.

“Com relação aos dados de desmatamento produzidos pelo Inpe, organização pelo qual tenho grande apreço, entendo e compartilho a estranheza expressa pelo nosso presidente Bolsonaro”, diz Pontes. “A contestação de resultados, assim como a análise e discussão de hipóteses, são elementos normais e saudáveis do desenvolvimento da Ciência.”

Além disso, em nota divulgada no início desta tarde, Pontes disse discordar da maneira como agiu o engenheiro Ricardo Galvão, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ao dar entrevistas para a imprensa criticando os questionamentos de Bolsonaro, e o chamou para “esclarecimentos e orientações”. O Inpe é vinculado ao ministério.

Na sexta-feira (19), Bolsonaro criticou Galvão por causa dos dados recentes sobre desmatamento. Segundo esses dados preliminares de satélites do Inpe, mais de 1.000 km² de floresta amazônica foram derrubados na primeira quinzena deste mês -um aumento de 68% em relação a julho de 2018. As informações são do Deter, sistema da instituição que lança alertas sobre mudanças de vegetação.

Os dados consolidados sobre o desmatamento total no ano (período entre julho de um ano e agosto do ano seguinte), são produzidas pelo Prodes, outro projeto do Inpe. O Deter, contudo, é um forte indicativo sobre as tendências de desmate na Amazônia.

Os dados são públicos e podem ser acessados no site do Inpe.

Bolsonaro disse que conversaria com Galvão e que são “matérias repetidas que apenas ajudam a fazer com que o nome do Brasil seja malvisto lá fora”.

“Vou conversar com qualquer um que esteja a par daquele comando, onde haja a coisa publicada, que não confere com a realidade, vai ser chamado para se explicar. Isso é rotina, toda semana, todo dia, acontece isso aí”, disse na sexta-feira.

Bolsonaro disse ainda que o diretor do Inpe estaria a “serviço de alguma ONG” e que a divulgação do desmatamento que ocorre na Amazônia prejudica o nome do Brasil no exterior.

Já no domingo, Bolsonaro recuou e afirmou que não falaria com o diretor do Inpe, tarefa que caberia aos ministros Marcos Pontes e Ricardo Salles (Meio Ambiente). “Eu não vou falar com ele”, disse. “O que nós não queremos é uma propaganda negativa do Brasil. A gente não quer fugir da verdade, mas aqueles dados pareceram muito com os do ano passado.”

Cientistas saíram em defesa das pesquisas e monitoramento realizado no Inpe. Neste domingo (21) a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), a maior sociedade científica do país, lançou um documento com críticas às falas de Bolsonaro. A Folha teve acesso ao texto em primeira mão.(FolhaPress)

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