Declarações polêmicas

Maia e Alcolumbre dizem que lamentam ofensa de Bolsonaro contra jornalista da ‘Folha’

Presidente da República afirmou nesta terça que 'ela queria dar um furo a qualquer preço'

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Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados; Jair Bolsonaro, presidente da República; e Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comentaram as ofensas do presidente Jair Bolsonaro contra a jornalista da “Folha de S.Paulo” Patrícia Campos Mello.

“Ela queria um furo. Ela queria dar um furo [pausa, pessoas riem] a qualquer preço contra mim”, disse Bolsonaro na ocasião. Ele comentava sobre a tentativa da jornalista de obter informações de Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário de uma empresa que teria feito disparos em massa de mensagens via WhatsApp.

“Eu lamento porque sabemos do papel da imprensa e do trabalho de vocês para levar as informações à população. Mas cada um conduz isso à sua maneira. Acho que esse caso já é uma página virada porque já aconteceu, mas espero que daqui para a frente isso seja conduzido com mais respeito e mais atenção, porque a imprensa é fundamental para o fortalecimento das instituições”, disse Alcolumbre.

Ao chegar à Câmara dos Deputados na manhã desta quarta-feira, Maia também comentou o episódio: “Todo mundo sabe a importância que tem para a democracia, a liberdade de imprensa, que tem o respeito às mulheres, aos jornalistas. Tudo que vai na linha ao contrário, vai sinalizando para a sociedade e os investidores no Brasil. Por isso que, quando começa o ano, a economia está sempre crescendo para um patamar mais alto e quando chega no final do ano a economia caminha para outro patamar porque esse tipo e declaração sempre vai gerando perplexidade e insegurança na sociedade brasileira.”

A Associação Brasileira de Imprensa disse em nota que o presidente adota um “comportamento misógino” e afirmou que ele necessita de “tratamento terapêutico”.

“Este comportamento misógino desmerece o cargo de Presidente da República e afronta a Constituição Federal. O que temos visto e ouvido, quase cotidianamente, não se trata de uma questão política ou ideológica. Cada dia mais, fica patente que o presidente precisa, urgentemente, de buscar um tratamento terapêutico.”

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) divulgaram nota conjunta em repúdio aos ataques:

“A Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) protestam contra as lamentáveis declarações do presidente Jair Bolsonaro ao ecoar ofensas contra a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo. As insinuações do presidente buscam desqualificar o livre exercício do jornalismo e confundir a opinião pública. Como infelizmente tem acontecido reiteradas vezes, o presidente se aproveita da presença de uma claque para atacar jornalistas, cujo trabalho é essencial para a sociedade e a preservação da democracia.”

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Observatório a Liberdade de Imprensa da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) repudiaram os ataques e prestaram solidariedade à jornalista Patricia Campos Mello.

“Os ataques aos jornalistas empreendidos pelo presidente são incompatíveis com os princípios da democracia, cuja saúde depende da livre circulação de informações e da fiscalização das autoridades pelos cidadãos. As agressões cotidianas aos repórteres que buscam esclarecer os fatos em nome da sociedade são incompatíveis com o equilíbrio esperado de um presidente”, diz trecho da nota. (Com informações da Agência Brasil)

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