Meio ambiente

Macron diz que não terá acordo com Mercosul se Brasil deixar pacto do clima

Presidente francês tem encontro com Jair Bolsonaro marcado para a tarde de amanhã, no Japão

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O presidente da França, Emmanuel Macron. Foto: Reprodução/Twitter

Um dia antes da reunião do G20 no Japão, o presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a dizer que só assinará acordo comercial com o Brasil caso o presidente Jair Bolsonaro não saia do acordo climático de Paris, ameaçando colocar em risco os trabalhos de negociações comerciais entre União Europeia e Mercosul.

Bolsonaro também está em Osaka, no Japão. O presidente brasileiro tem um encontro bilaterais marcado com Macron para a tarde de amanhã.

As negociações da UE com o Mercosul, o quarto maior bloco comercial do mundo, se intensificaram recentemente. No início do mês, Bolsonaro disse que um acordo poderia ser assinado “logo”, enquanto a liderança do bloco europeu chamou o pacto de “prioridade número um”.

No entanto, a irritação da União Europeia em relação ao aumento de importações de carne e a hesitação do Mercosul sobre abertura de alguns setores industriais, como o automotivo, fizeram prazos anteriores para um acordo serem descumpridos.

A França em particular está preocupada com o impacto sobre sua vasta indústria agrícola de importações sul-americanas, que não teriam que respeitar as estritas regulações de meio ambiente da União Europeia.

“Se o Brasil deixar o acordo de Paris, até onde nos diz respeito, não poderemos assinar o acordo comercial com eles”, disse Macron a jornalistas no Japão, antes da.

“Por uma simples razão. Estamos pedindo que nossos produtores parem de usar pesticidas, estamos pedindo que nossas companhias produzam menos carbono, e isso tem um custo de competitividade”, disse ele. “Então não vamos dizer de um dia para o outro que deixaremos entrar bens de países que não respeitam nada disso”, acrescentou o presidente francês.

Em Tóquio, onde acompanha o presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a reunião do G20, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI, evitou comentar a fala de Macron.

Questionado se o Brasil vai permanecer no Acordo de Paris, ele disse que “isso já foi dito”. “Pode ou não, se for perguntado. Não está na pauta do G20 isso”, afirmou o ministro.

O ministro falou que a política de meio ambiente é totalmente injusta ao Brasil.

“O Brasil é um dos países que mais preserva meio ambiente no mundo. Quem tem moral para falar da preservação de meio ambiente do Brasil? Estes países que criticam? Vão procurar a sua turma”, disse.

Nesta quarta-feira, 26, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que deseja conversar com Bolsonaro sobre o desmatamento no Brasil.

Ele ainda disse não ter dúvidas de que há ONGs por trás das estratégias de países que questionam a proteção ambiental no Brasil.

“Eu não tenho nenhuma dúvida, eu nunca tive nenhuma dúvida. Estratégia de preservar o meio ambiente do Brasil para mais tarde eles explorarem. Está cheio de ONG por trás deles, ONG sabidamente a serviço de governos estrangeiros. Vocês têm que ler mais um pouco sobre isso, viu? Vocês estão muito mal informados.”

O presidente declarou, durante sua campanha eleitoral, que retiraria o Brasil do tratado climático, mas recuou diante de argumentos apresentados por seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Mas o governo manteve sua decisão de não sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 25, em novembro deste ano, que se dará no Chile.

Em maio, o Brasil barrou a iniciativa multilateral de construção de um arcabouço legal para a área ambiental a partir da Assembleia-Geral das Nações Unidas de 2020. A oposição do governo Bolsonaro foi registrada durante uma reunião em Nairóbi, no Quênia, sobre a adoção do Pacto Global para o Meio Ambiente, projeto impulsionado pela França na ONU.

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